segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ENSONHAR - Nuvem-que-Passa




ENSONHAR


Nuvem-que-Passa


Quando abandonamos o sonhar que nossa essëncia traz em si para sonharmos sonhos impostos por outros, estamos no caminho dos pesadelos, pois, creio que pesadelo maior não há que vagar ausente de si, perdido nesta vastidão sem limites, onde podemos nos tornar presa fácil de seres muito mais antigos e complexos. Sonhamos o mundo com a força de nossa intenção.

Os seres humanos vieram de mundos de sonhos e passaram por muitos mundos, muitos sonhos, até chegar a este mundo, com o qual sonhamos agora. Estes momento mágico, único, que nunca vai se repetir, efëmero é nossa participação neste vasto sonhar da ETERNIDADE. Somos o sonhado, mas podemos acordar e nos tornarmos o sonhador. Uma das descobertas mais desconcertantes da prãtica da Arte do Sonhar é descobrir que também somos um sonho. Assim como sonhamos com o sonhador o sonhador sonha conosco. Este é um dos pontos fundamentais do Xamanismo.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

TAO E SONHO






O Sonho do Adormecido


Quando sonha, o adormecido vê coisas que lhe dão prazer, raiva, tristeza e alegria – cenas de riqueza, nobreza, fama e proveito. O sonhador toma essas cenas por reais e não sabe que as está sonhando.


O que percebo quando observo isso é o Tao da profundidade do poder prático no cultivo da realidade.


A mente das pessoas é enganada pelas energias do álcool, da sexualidade e das posses; sua natureza é obscurecida pelas emoções e pelos desejos artificiais por dentro e por fora, elas perdem por completo o sentido da realidade. Se tiver alguma impureza que não consegue dissolver, quem cultiva a realidade não consegue atingir por completo o grande Tao, mesmo que ele esteja à vista.


Isso ocorre porque a raiz do problema ainda não foi inteiramente extraída. Como podemos verificá-lo? Podemos verificá-lo nos sonhos. Se, quando as pessoas sonham, as energias do álcool, da sexualidade e das posses não puderem influenciá-las, nem as emoções e os desejos se apegar a elas, e se elas forem imperturbáveis e inabaláveis, puras e claras, perfeitamente lúcidas, não confundidas por coisas artificiais, só então estarão vendo a realidade.


Se as pessoas se dedicarem, a partir daí, a um trabalho ainda mais profundo, de maneira que nada mais sonhem, a raiz do problema terá sido inteiramente extraída. Se elas ainda sonharem, estará provada a existência de percepções sensoriais ainda não descartadas.


Por conseguinte, diz-se que as pessoas perfeitas não têm sonhos. Naqueles que não têm sonhos, o poder da prática se consumou. Naqueles que têm sonhos, o poder da prática ainda não está consumado.


Se a pessoa tiver sonhos, mas, enquanto sonhar, souber que sonha, o poder da prática terá avançado. Se tiver sonhos e, enquanto sonhar, não souber que sonha, o poder da prática será nulo.


Se puder alcançar de fato a consumação do poder da prática, de modo a não ter nenhum sonho, a Criação estará nas suas mãos. Mesmo que a pessoa durma, será como se estivesse acordada. Mesmo morta, ainda estará viva. Isso porque o que morre é o corpo material, enquanto o que vive é o corpo espiritual. O que dorme são os olhos e os ouvidos, e que fica acordado é o espírito original.


Do livro “O DESPERTAR PARA O TAO” de Liu I-ming