domingo, 25 de outubro de 2009

Para além do ego onírico (e vígil)




Pela compreensão de que o ambiente onírico todo, a situação onírica toda, é nossa Mente, pode-se compreender, sentir e amar a realidade da vigília toda, a situação vígil toda, sem discriminações e apegos.



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"A realidade é um sonho" é uma afirmação que deve ser conpreendida e percebida não a partir do ponto de vista do Ego onírico ou do Ego da vigília, mas a partir da mente que produz o cenário todo, o sonho todo.

Essa compreensão pode ser vivenciada a partir da liberdade que o sono propicia àquele que relaxa profundamente; mantendo-se a consciência clara durante o sonho, o praticante poderá desenvolver a percepção de que não há, no sonho/sono, qualquer discriminação ou apego.

A realidade e as situações são vividas e experienciadas (nos sonhos) sem apego, pela mente que cria o sonho (diversamente do que ocorre com o Ego onírico - com o qual usualmente nos identificamos e que é apenas uma parte do sonho e que participa dele).


Trata-se assim de uma lucidez onírica desdobrada: não apenas entendendo-se e percebendo-se que estamos em um sonho (sonho lúcido), como também percebendo-se e sentindo-se o próprio relaxamento e gozo de estarmos produzindo o sonho todo.

Transpondo-se para a vigília esse modo de apreciação das situações vividas, isso se traduz na expansão da mente, que não mais se identifica com o Eu (um mero personagem), mas com a situação experienciada como um todo.

Trata-se da mesma mente, experienciando o sono/sonho da vigília.

Completamente relaxada, a mente percebe-se a si mesma e desfruta da felicidade do relaxamento, ou seja, de ser si mesma e tudo que percebe: enquanto se sonha tem-se, assim, uma chave para a compreensão experienciada e amada da/na vigília.

O entendimento se faz pelo relaxamento profundo, por um outro modo de inteligência (amor = felicidade = harmonia).

4 comentários:

Richard Hermeticum disse...

Olá JHolland,
A ideia de haver uma mente que cria não só o que chamamos de realidade mas também o mundo onírico é interessante.
Mesmo para aqueles que acreditam que esta não é a realidade ultima, é extremamente dificil dar um "passo de fé" em direcção ao abismo da não-existência(1). Obviamente que não me refiro àqueles que se masturbam mentalmente com a ideia da alma, mas sim àqueles que, através de um conjunto de métodos, procuram realmente atingir estados alterados de consciência.
Retóricas à parte, para nós - meros mortais - o ego é tudo, e abandoná-lo requer muita coragem.


(1) aqui entende-se por "não-existência" o estado para lá do ego.

jholland disse...

Sim, concordo plenamente.
Os sábios costumam dizer que tudo tem seu tempo e que essas coisas devem acontecer "naturalmente".
Entendo que devemos nos esforçar, porém sem forçar em demasia. Apenas estar atento e manter o firme propósito, sem esquecer nossa meta. Aquilo que se costuma chamar de sadhana (práticas e métodos) deve ser não agressiva, sem causar mágoas e resquícios.

Obrigado por seu valioso comentário !

Abs

Anônimo disse...

Muito legal. Essa mente esse eu que observa é o verdadeiro eu, é o que encontramos na meditação profunda e na Yoga Nidra bem- sucedida.
Gostaria de ter sua permissão para linkar este post em meu blog http://ocaminhobranco.blogspot.com/ .

jholland disse...

Olá Rubem,

Obrigado por seus comentários.

Claro que voce pode usar linkar o texto !
A propósito, reproduzo aqui um comentário que deixei no Metamórficus, se for possível, deixe sua opinião sobre isso:

"O interessante é o caráter, digamos, "simétrico" das experiências vígil e onírica, que decorre de um fato simples: embora possamos dizer que os Egos (onírico e vígil) sejam diferentes, a mente mais profunda que sonha é a mesma que vive a vigília. A prática está em perceber e reconhecer essa mente mais profunda, presente a todo instante."

Abs !