quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Sonho das "figurinhas correndo"

Este sonho ocorreu há algumas poucas semanas, por isso (mais uma vez !) não poderei descrever muitos detalhes, nem os antecedentes do sonho.

Estava em um carro, no banco de trás, uma mulher dirigia o carro). Ao meu lado esquerdo, encontrava-se minha filha.

Enquanto observava a paisagem pela janela da direita, percebi que andávamos paralelamente a uma pista de um aeroporto. Podia ver nitidamente os vários aviões estacionados na pista, uns com formas exóticas, outros em manutenção (turbinas abertas, com estranhos mecanismos), todos coloridos.

Foi quando repentinamente, observei que na pista do aeroporto havia alguns bonequinhos ou figurinhas desenhadas, em preto e branco, correndo paralelamente ao carro onde me encontrava.

Depois que acordei, lembrei-me tratar-se daquelas figuras que compõem o conhecido quadro do budismo tibetano que trata da recuoperação do controle da mente pela meditação shamata - o homem, o elefante, o macaco:





(para mais detalhes, ver: http://metamorficus.blogspot.com/2007/12/caminho-da-meditao-estabilizadora.html)

Pois bem: aqui começa o momento culminante do sonho, que para mim, coincide com o momento exato em que percebo estar sonhando.

Quando vi tais figuras correndo pela pista do aeroporto, pensei: PERAÍ, ISSO É MUITO ESTRANHO, ESTOU SONHANDO !!)

Virei para minha filha, ao meu lado esquerdo, e gritei para ela: isso é um sonho, veja só !

Notei então que ela estava meio peralisada, olhando fixamente para mim. Percebi que os olhos dela começavam a mudar, tornando-se desfocados, borrados. Acho que o processo que ocorreu no "Sonho do Cinema" (v/ postagem anterior) estava também acontecendo neste sonho (que é mais antigo).

Convencido que era um sonho, virei para a mulher que estava dirigindo o carro - muito bonita, com cabelos escuros, talvez fosse uma comissária de bordo - e a puxei para mim, por cima do banco, com óbvias intenções eróticas.


A partir daí, não me recordo o que aconteceu, acho que acordei em seguida.


3 comentários:

Richard Hermeticum disse...

Amigo jholland,
num mundo completamente simbólico como é o dos sonhos, não achas demasiada "coincidência" que quando olhas para os olhos das pessoas* estes acabam por desfazerem-se?
É com muito custo que contenho-me não dando já a minha interpretação desse facto! :)


Abraço,
Richard

* lembra-te que os olhos são o espelho da alma

jholland disse...

Caríssimo Richard !

Bastante interessante a associação que voce fez. Estou curioso para saber sua interpretação, fique à vontade para completá-la, por favor!
Posso imaginar alguma coisa...porém, sem nenhum prejuízo a esse tipo de interpretação, creio que aqui há também algo mais prosaico: os personagens do sonho tornam-se estáticos e seu olhos tendem a se desfazer talvez porque sejam, eles próprios (personagens e olhos) parte de uma projeção de nossa própria mente egóica. É ainda o resquício, no sonho lúcido, do "efeito cortina", sobre o qual falarei em seguida. Em razão da enorme perplexidade que o despertar onírico provoca, os personagens tendem a ficar estáticos ou mesmo a se desfazer, como uma espécie de "encanto quebrado". Digo isso porque, com o tempo e um pouco mais de prática na lucidez onírica, tal efeito não mais acontece. Curiosamente, minha namorada começa agora a também praticar sonhos lúcidos, e o efeito é idêntico !

Efeito cortina :

Gostaria apenas de enfatizar, no que acabo de escrever, que essa interpretação não é excludente: pois, como costumo repetir, o sonho é como uma cortina que dá para um ambiente aberto. Ao olharmos para ela (a cortina/sonho) estaríamos, na verdade, diante de um fenômeno complexo. Não obstante tratar-se de uma simples cortina, também balança e recebe as luzes e sombras do ambiente que está "além dela". Diria que quanto maior o desapego, maior a lucidez: os efeitos ilusórios do sonho (a cortina) começam a ser ultrapassados, tornando-se possível vislumbrar o que está "além" de nossas projeções egóico-grosseiras no sonho. Daí os Siddhis, sonhos premonitórios, compartilhados etc. Ou seja, há uma espécie de "continuum" de lucidez, razão pela qual os fenômenos observados nos sonhos tendem, com o progresso dessa lucidez-desapego, a se tornar menos pessoais-individuais e mais compartilhados e "transcendentais" (evito o termo objetivo).

Richard Hermeticum disse...

Amigo Jholland, só não me curvo perante ti e chamo-te de Mestre porque deves estar a conduzir por São Paulo. :)

"os personagens do sonho tornam-se estáticos e seu olhos tendem a se desfazer talvez porque sejam, eles próprios (personagens e olhos) parte de uma projeção de nossa própria mente egóica."

Exactamente. Tenho feito profundas reflexões sobre o tema e, sinceramente, também é o que me parece.

Esse "véu" que falas está perfeitamente descrito, se bem que de forma também ela alegórica, no "Sobre Ensonhar" do Castañeda.