sábado, 9 de fevereiro de 2008

LÓTUS DO SONHO



TARTHANG TULKU
A Expansão da Mente



Nos sonhos, podemos fazer o impossível - podemos trans­formar nosso corpo, usar de telepatia e até voar. Nosso estado de sonho é como sondar as profundezas do oceano, ao passo que nosso estado de vigília é como navegar na superfície do mar. Como os sonhos não são elaborados de forma consciente, mas brotam espontaneamente, conseguem se desviar dos filtros exis­tentes em nossa consciência do estado de vigília. Nossos sonhos podem nos levar a um conhecimento inalcançável em estado desperto.

Todavia, nem sempre é fácil trabalhar com o estado de so­nho, pois ainda precisamos usar nossos conceitos comuns para entrar em contato com as experiências oníricas. Há formas, po­rém, de nos sintonizarmos com a densidade e o ritmo do padrão dos sonhos, e, assim, explorarmos essa fonte de conhecimento. Uma delas é praticar certas visualizações logo antes de irmos dor­mir.

A fim de favorecer este tipo de visualização, o ideal é criar uma qualidade de sentimento adequada, relaxando-nos de mo­do profundo, imediatamente antes do sono. Em especial, relaxe a cabeça e os olhos, os músculos do pescoço e as costas, e, por fim, relaxe todo o seu corpo. Solte toda a tensão e, limpando a mente tanto quanto possível, simplesmente fique deitado e res­pire de forma muito lenta e suave. Deixe seu corpo e sua mente sentirem a qualidade leve e reconfortante do relaxamento.

Em seguida, conduza a mente da maneira delicada como você, talvez, conduziria uma criança pequena. A mente gosta muitíssimo de sentimentos; por isso, faça-a assentar-se com sen­timentos calorosos, alegres e tranqüilos. A mente pára de ficar pulando de um lugar para outro; suas preocupações e conceitos vão desaparecendo e você será capaz de relaxar profundamente. Agora, você está em condição de visualizar de modo eficaz.

Quando você estiver se sentindo bem calmo e sereno, visua­lize uma flor de lótus linda e suave, em sua garganta. O lótus tem pétalas rosa-claro que se curvam ligeiramente para dentro; e, no centro deste lótus, há uma chama luminosa de cor laranja avermelhado, que é clara nas bordas, passando a uma tonalidade mais escura no centro. Olhando com bastante suavidade, concentre-se na ponta da chama, e continue a visualizá-la tanto tempo quanto puder.

Esta chama representa a atenção pura, que tem a mesma qualidade luminosa da energia do sonho. As experiências da nossa vida no sonho e no estado desperto têm características diferentes. Mas, visto que sua estrutura é essencialmente a mes­ma, a atenção plena de um estado pode passar desimpedida pa­ra o outro.

Continue a manter a imagem do lótus e da chama. À me­dida que você faz isto, observe como os pensamentos surgem e como a imagem visual do lótus se entrelaça com eles. Note como esses pensamentos e imagens refletem as suas próprias associações, passadas e presentes, bem como as suas projeções futuras. Observe este processo, mas continue a se concentrar no lótus, de modo que sua visualização permaneça clara.

Pode ser que outras imagens continuem a entrar em sua mente, e talvez você sinta que não possa conservar a mente li­vre de pensamentos nem por um minuto. Não se preocupe com eles; apenas observe o que acontece, seja o que for. Embora ou­tras imagens e pensamentos apareçam na mente, enquanto o fio da visualização permanecer intacto, ele vai se transpor para o sonho. Todavia, tentar interpretar ou "pensar sobre" sua visua­!ização quebrará este fio. Cria-se um hiato entre o estado de vi­gília e o do sonho, e sua visualização e sua atenção pura se per­dem; sua atenção pura vai se perder no sonho. Portanto, tome cuidado para não forçar a visualização; apenas deixe que ela aconteça, mantendo, porém, sua concentração no lótus.

Deixe que a forma se reflita sobre sua atenção pura até que sua atenção e a imagem se tornem uma só coisa. Então, não ha­verá espaço para pensamentos - esta é a contemplação plena. Quando a concentração é completa, sujeito, consciência, objeto, imagens, todos se tornam uma só coisa.

De início, quando você passa para o estado dos sonhos e as imagens aparecem, talvez você não se lembre de onde elas vie­ram. Porém, sua atenção pura irá naturalmente se desenvolver, até que você seja capaz de ver que está sonhando. Quando ob­servar com muito cuidado, será capaz de ver toda a criação e a evolução do sonho. As imagens do sonho, que a princípio são borradas e difusas, vão se tornando claras e abrangentes.

Esta atenção clara é como ter um órgão especial de cons­ciência que nos possibilita ver o estado de vigília a partir do es­tado de sonho. Por meio desta prática, podemos ver uma outra dimensão da experiência, e ter acesso a uma outra forma de co­nhecimento de como a experiência surge. Isso é importante, pois, quando sabemos isto, podemos moldar nossas vidas. As imagens que emergem da atenção pura no sonho irão intensificar nossa atenção pura no estado de vigília, permitindo-nos ver melhor a natureza da existência.

Com prática continuada, vemos cada vez menos diferença entre o estado de vigília e o estado de sonho. Nossas experiên­cias na vida acordada se tornam mais vívidas e diversificadas, como resultado de uma atenção plena mais leve e refinada. Não ficamos mais limitados pelas concepções convencionais de tem­po, espaço, forma e energia. Dentro dessa perspectiva mais vas­ta, podemos também verificar que os assim chamados feitos e lendas sobrenaturais dos grandes ioguins e mestres não são mi­tos ou milagres. Quando a consciência une os vários pólos da experiência e passa além dos limites do pensamento convencio­nal, poderes ou habilidades psíquicos são, na verdade, naturais.

Este tipo de atenção plena, baseada na prática com sonhos, pode ajudar a criar um equilíbrio interno. A atenção plena alimenta a mente de um modo que nutre todo o nosso organismo. A atenção plena lança luz sobre facetas da mente até então não vistas, e ilumina o caminho para que exploremos dimensões sem­pre novas da realidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quando menor eu me encontrava em um mundo guando dormia ESE mundo era lindo poderes guerras mortes de tudo ate inimigos

Mas um dia ocorreu que eu desmaie nesse mundo nao consigo mais entrar

Mas lá tinha um grande inimigo ele tinha um nome que já não me leymblo mas.

Ate que um dia eu estava conversando com um amigo de sonhos antigos.

A lembranças do meu amigo nos sonhos erra as mesmas (minhas) como meu inimigo(nas guerras ele descrevia seu inimigo "EU"

Mas não consigo coutar que se passa?????