quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Sonho Lúcido e Projeção Astral




Apesar do fato de as pessoas que tiveram experiências fora do corpo estarem inclinadas a ter também sonhos lúcidos, as duas experiências são bem diferentes. Durante uma experiência fora do corpo, o indivíduo está tipicamente convencido de que o evento está acontecendo de fato no mundo físico, e não em um sonho. Já em sonhos lúcidos, os sonhadores têm a convicção de que os eventos estão acontecendo em um sonho. A exceção seria um sonhador lúcido que pode ter uma experiência fora do corpo durante um sonho lúcido. Em 1991, Stephen LaBerge relatou um estudo de 107 sonhos lúcidos. Entre eles, 9% incluíam uma experiência fora do corpo. Este tipo de sonho lúcido sempre inclui sentimentos de distorções corporais, uma consciência de estar na cama ou a sensação de flutuação ou vôo. LaBerge também descobriu que experiências fora do corpo durante os sonhos lúcidos ocorriam mais freqüentemente quando a pessoa reentrava em sono REM depois de estar um período desperta, ou logo após ter consciência de estar na cama. Um estudo realizado por intermédio de um questionário com 572 indivíduos resultou em constata­ções similares às dos 452 respondentes que diziam ter tido pelo menos uma experiência fora do corpo. Apenas 15% dos que nunca se lembra­ram de um sonho lúcido tiveram experiências fora do corpo.
É impor­tante dizer que várias pesquisas têm revelado que não há ligação entre experiências fora do corpo e doença mental.
Há um debate permanente sobre as experiências fora do corpo: e1as acontecem "fora" ou "dentro" do corpo? Blackmore9 tem fornecido uma instigante resposta filosófica a essa questão, baseada nos ensinamentos do budismo. Ela nos chama a atenção para o fato de que Buda pregava que o ego é uma ilusão. Humanos assumem muito facilmente que são uma espécie de entidade estável persistente, que habita o corpo físico. Buda contrapõe a esta premissa o conceito de que "a realidade" que os humanos percebem é apenas uma construção do seu sistema de proces­samento de informações moduladas pelo meio social em que vivem. Seu senso de identidade ou ego também é uma construção social.
Então, quanto à dúvida sobre se as experiências fora do corpo acon­tecem "dentro" ou "fora" do corpo, a resposta de Blackmore, baseada na visão de que o ego ou outras experiências socialmente construídas não tem um lugar, é: "nenhuma delas."
A ilusão de que humanos são seres sólidos dentro de um corpo pode ser dissipada pelas experiências fora do corpo, experiências de quase morte e místicas, o que pode ser a razão de muitos acharem-nas tão iluminadas e libertadoras.

LaBerge acredita que sonhos fora do corpo estão mais fre­qüentemente associados com o princípio do sono, quando os sonhadores começam a perder informações de seus órgãos sensoriais, mas permane­cem um tanto quanto conscientes. Sendo assim, estes sonhos são espera­dos em estados hipnagógicos, ou quando o indivíduo passa diretamente da vigília ao sono REM - um evento raro, mas possível. Nos dois exemplos, um modelo mental é criado independentemente de uma infor­mação sensorial. Em geral o sonhador está consciente de seu corpo físi­co, e obtém constantes feedbacks dos órgãos sensoriais, músculos, vísceras e articulações. No sono REM, no entanto, as informações dos sensores no corpo físico são bloqueadas. Como resultado, é muito fácil sonhar estar dançando, voando, estar desmembrando ou mesmo expe­rienciar a sensação de deixar o corpo. LaBerge especula que, assim como à sensação de gravidade paralisa, o sonhador pode se sentir leve e come­çar a flutuar ascendendo em seu sonho.
Se LaBerge estiver correto, a imaginação hipnagógica é um evento que poderá estimular o sonho fora do corpo. Um outro roteiro para conduzir a este tipo de sonho seria desenvolver lucidez em seus sonhos para que experiências fora dele possam ser evocadas durante o sono. Um programa como este deveria incluir os seguintes passos:

1. considere os sonhos como portadores de significados impor­tantes em sua vida. Tenha um caderno de sonhos, monte um grupo de trabalho sobre sonhos, discuta seus sonhos com outras pessoas, leia livros e artigos sobre sonhos e aplique em sua vida as coisas que você aprendeu com seus sonhos;

2. perceba que você pode despertar e tomar-se consciente de seus sonhos. Toda vez em que tiver um sonho lúcido, trabalhe inten­samente com ele;

3. use a auto-sugestão antes de dormir. Leia algum artigo sobre sonhos, experiências fora do corpo ou sobre estas experiências de uma forma geral. Diga a você mesmo que terá um sonho lúcido, e que você irá viajar para fora de seu çorpo durante o sonho;

4. adquira conhecimentos sobre os sonhos fora do corpo que você já experienciou. Eles foram precedidos por outras atividades, tal

como "voar"? Foram acompanhados por algum sentimento ou emoção como sentimentos de paz, excitação ou ansiedade? Quando seus sonhos se tomarem lúcidos, tente recriar estas ati­vidades e sentimentos. Isto poderá levá-lo a uma experiência fora do corpo em seus sonhos;

5. tenha uma razão específica para ter um sonho de experiência fora do corpo. Curiosidade é o seu grande motivo? Suas razões principais são metafísicas? Você deseja obter um maior entendi­mento sobre a mente? Ou sobre o espírito? Sobre a morte? Seja honesto com você mesmo para que sua experiência não se tome ambígua.
Do livro: "SONHOS EXÓTICOS", Summus Editorial

Lucid Dreaming: False awakening and lucidity

By David F Melbourne

Fonte: http://www.experiencefestival.com/a/Lucid_Dreaming/id/6333




How often have you woken in the night, looked at a digital clock, but it has appeared blurred or doesn't make sense? Have you ever reached out to turn on the light - or any electrical appliance - to discover that it doesn't function properly, or not at all? Have you got vague memories of getting up in the middle of the night, trying to open the door, finding that it won't open and going back to bed? Would you believe it, if you were told that you were probably dreaming? A false awakening is a convincing illusion of having woken when, in fact, you are still in dreaming sleep, so the imagery - although seemingly real - is artificial.

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How often have you woken in the night, looked at a digital clock, but it has appeared blurred or doesn't make sense? Have you ever reached out to turn on the light - or any electrical appliance - to discover that it doesn't function properly, or not at all? Have you got vague memories of getting up in the middle of the night, trying to open the door, finding that it won't open and going back to bed? Would you believe it, if you were told that you were probably dreaming?

A false awakening is a convincing illusion of having woken when, in fact, you are still in dreaming sleep, so the imagery - although seemingly real - is artificial.

There is the same degree of conscious awareness in the phenomenon as in a lucid dream - all one's 'critical' faculties are present and the subject can think very clearly. However, what is lacking is the realisation of being in a dream, because the dream is recreating scenery that is familiar to the dreamer - say, the bedroom.

The accuracy of the imagery to that of the real scene can be quite amazing - until something gives the secret away.

False awakenings sometimes follow lucid dreams, or they can occur separately. Intending lucid dreamers need to be aware of this fascinating situation, so to illustrate, here is such a case from our files:



I seemed to wake up from an interesting, vivid lucid dream. My mind was perfectly alert and I looked around the bedroom. It was morning and the room was fairly light. I got up and walked around for a while. Then I went to the window and looked out. Incredibly, the road outside was not the road it should have been! The surprise woke me and I found myself snuggled in bed.



Some individuals report that they experience multiple false-awakenings - which can leave them rather puzzled:



Several times I have known that I was dreaming when it was time to get up for work. I have tried to wake myself up, but only succeeded in dreaming that I have woken. This could happen four or five times in a row before I actually woke up properly. I'll know it's still a dream usually because the carpet or bed-sheets are a different colour, or that something else in the room - say, furniture, is not correct.



It is not unheard of for some unfortunate souls to apparently wake up in the morning, wash, eat breakfast and then wake to find themselves still in bed. They get up again, wash, eat breakfast, and leave for work. Caught in the rush-hour traffic, and while thumping the steering wheel, impatiently, they wake up again to find themselves still in bed. And so it can go on almost ad infinitum.

The false-awakening is more common, however, when dreamers perceive themselves as waking up at home in their own beds, then probably turn over and - in their dream minds - go back to sleep. Sometimes this occurrence can be accompanied by an atmosphere of eager expectation, stress or even apprehension, and these feelings can remain with the subject for some time after waking.

Celia Green, in her analysis of lucid dreaming, identified two varieties of false awakening. In Type 1, the person seems to have woken from a dream and reflects on things normally.

In Type 2, the individual seems to have woken, but there is a somewhat oppressive atmosphere:



I thought I was awake. It was still night and my room very dark. Although it seemed to me that I was awake, I felt curiously disinclined to move. The atmosphere seemed charged, to be in a 'strained' condition. I had a sense of invisible, intangible powers at work, which caused this feeling of aerial stress. I became expectant. Certainly, something was about to happen.

Fox,O, Astral Projection, University Books, New York, page 48.



So how can we recognise false awakenings when they happen to us? As described earlier, electrical appliances will not function properly - if at all - during a false-awakening. As with the lucid dream, Dr Hearne was the first person in the world to discover this and other anomalies, and has devised a test whereby the dreamer can assess their validity.

'10 tests for state-assessment':



1. Switch on an electric light in the dream scenery. If it does not work, or there is a malfunction of any kind, or light switches cannot be found where they should exist, suspect strongly that you are dreaming. The same applies for any other electrical appliance.

2. Attempt to 'float' in mid-air, or fly. Any success, of course is proof of dreaming.

3. Jump off an object, such as a chair. If you descend slowly, then you know you are dreaming.

4. Look carefully at your surroundings. Is there anything there which should not be present, or is missing?

5. Look at your body (eg hands, arms, feet) and your clothes. Is it your body and are the clothes yours in wakefulness?

6. Look out of a window. Is the environment accurate? Is the season correct, and is the light-level right for the time?

7. Attempt to alter a detail in the scenery, or make something happen by will-power.

8. Attempt to push your hand through solid-looking objects.

9. Pinch your skin. Is the texture and sensation as it should be?

10. Look in a mirror. Is there some alteration to your face?



It is advisable, however, if living with a partner, to issue a warning regarding one's intentions. It would be most disconcerting for a husband or wife to waken in the middle of the night and find a partner switching electrical gadgets on and off, jumping off chairs and so forth. Advance notice might well prevent a visit from the men in white coats.

Indeed, assistance would be invaluable in any endeavours of this kind. Arrangements could be made for a partner to prod or talk to the person experiencing REM sleep - shortly before waking in the morning. Following, we will see, (in the F.A.S.T. method), that anticipating an interruption to one's slumber can trigger a false awakening.

It is interesting to note that false awakenings not only precede, but often follow on from a lucid dream. If this occurs, then there is nothing to stop one from running the tests and becoming lucid again. Some dream enthusiasts have experienced lucidity as many as four times in a single night.

On occasion, when the dreamer becomes lucid for the first time, this may last for a few seconds only, before drifting back into REM sleep. This, of course, can be very disappointing, but it has been discovered that the duration of lucidity can be extended. At this point, it is worth mentioning that the more one is able to induce lucidity, the greater the chances of the phenomenon lengthening as one becomes adept at controlling it.

It has been found that if lucidity seems to be slipping away, concentrating one's gaze on the back of one's (dream) hands may cause the duration of the experience to be extended. Nobody can say categorically why this should happen, but it appears reasonable to assume that the act of focusing one's thoughts might have something to do with it. Similarly, Continually reminding yourself that you are experiencing a lucid dream, can prove very successful.

A wish to change locations within a lucid dream can be realised by closing one's (dream) eyes and willing oneself somewhere else. On opening them again, the chances are that the wish will have been granted.

It is a pitiable waste of time and effort to use the lucid dream solely for self-gratification. So let us consider some constructive uses to which the experience can be put, and how it might be of benefit.

Jack Nicklaus, corrected his golf swing after having a lucid dream. Inventions, great musical compositions, well-known paintings, novels, and hit songs have been inspired through dreams.

There is, perhaps, amazing potential for healing, and nightmares can be banished. Probably most fascinating of all, is the ability to conjure up people in a lucid dream. In this context, there could be comfort and solace for the bereaved.

Accomplished lucid dreamers have reported evoking deceased relatives and having conversations with them as if they were still alive. And as lucidity appears real in every respect - indistinguishable from full waking consciousness - this could prove to be an efficient way of helping the bereaved to overcome their despair.

However, although these encounters appear real in every respect, the experience must be adjudged to be a dream. We will probably never know if the spirits of loved-ones are able to manifest themselves in dreams, or whether these happenings are the product of the dreaming mind.

Dr Hearne also devised a method of inducing lucidity, that reportedly is successful for some people, based on recognising false-awakenings, and you may like to try it yourself. It is termed the F.A.S.T. technique (an acronym for False Awakening with State Testing).

In his sleep-lab research Dr Hearne observed the potency of expectation in subjects. This method sets up an expectation in the subject which hopefully results in a false-awakening - where state-testing can cause recognition of dreaming.

You will need an assistant. Every half hour or so after 6 am (when there is more REM sleep) the assistant needs to enter the bedroom, say a few words, potter around and then leave.

Religiously, whenever it happens, you should go through some of the state-tests listed above - no matter how utterly convinced that you are awake!

Occasionally, you will, because of the expectation effect, dream that the person has come into the bedroom. At that point the testing procedure will reveal that it has been an elaborate dream.

Then, you should get up, explore the artificial scenery of the building - as if in an out of the body experience, or relocate by covering your eyes and willing yourself to be somewhere else.

We have established that it is not unusual for people to experience this phenomenon without realising it and, for the purpose of dream interpretation, it is important that the analyst understands that fact. Here is a typical example of the kind of letter an analyst might receive:



'I have got a vague memory of getting up and going to the toilet, in the middle of the night. However, I noticed that the light switches weren't working properly. Yet when I got up this morning, they all worked perfectly. Now I'm not sure if it was a dream or not. What does it mean?'



Another example:



'I remember getting up during the night, only to discover that the street scenery outside my bedroom window was strangely different. I'm sure I wasn't dreaming, so can you tell me what happened?'



Bear in mind that there might be reports of the bedroom furniture being somehow different, or perhaps the curtains were not quite their usual colour. These are all clues that the client has undergone a false-awakening.

If any sort of interpretation is placed on this experience, it will be fruitless. As with a lucid dream, this extraordinary occurrence is open to contamination by conscious thoughts.

If the above descriptions sound familiar, It is likely that you have experienced this curious happening. It is probable that we all have them from time to time, without realising it. So convincing is this dream state that one is certain one was awake.

Some insomniacs complain of a restless night, and for some, that may be the case. But for others, it may have all been an elaborate dream, a fantastic illusion, whereby the bedroom looks the same, and you may even see your partner sleeping peacefully next to you.

Another aid to assist recognition is the contrast to a lucid dream, where the scene is likely to present itself in typically weird dream surroundings, the false-awakening usually occurs in a familiar environment, (not necessarily the bedroom), albeit a dream environment.

Shift workers can be vulnerable to false awakenings - especially if they go to work in a tired condition. Should they nod off during a shift, it has been reported that they may dream convincingly that they are at work, carrying on as usual.

If they then drift into natural REM sleep, the chances are that they will be unable to discriminate between true and false-awakenings. In fact, they will probably believe that their last waking memory is that of the false-awakening, when they saw themselves at work, performing their usual duties.

How often have you heard people say, 'You must have dreamt it,' or, 'In your dreams!' Little wonder then, at how baffling it could be - if you were a shift worker - to hear yourself accused of something you know you did not do, while your accuser is equally certain of your guilt. He may have actually witnessed you committing a transgression while he was experiencing a false-awakening. The following day, unable to discriminate between the false-awakening and reality, he could find himself stridently defending the contents of what was really a dream.

Imagine the implications, if somebody who was serving on a jury, dozed off undetected, for a few minutes, and like the shift worker, saw the accused - while experiencing a false-awakening - scoffing at the jury or laughing behind the judge's back.

Why should we take the trouble to find out whether we are dreaming or not? Apart from the advantage of being able to discern reality from fantasy, there is a much more important reason. Remember, identifying a false awakening when it occurs, provides us with a potent method of initiating a lucid dream. This would facilitate an increased potential for healing and eradicating nightmares, apart from the exhilaration of finding oneself able to fly or to enjoy a romantic encounter.

The person who doesn't know about false awakenings, usually doesn't register the previously mentioned subtle changes. But the dreamer reading this page, now has a golden opportunity to utilise the phenomenon to initiate a lucid dream.



DAVID F. MELBOURNE, who lives on a remote Scottish island, has been studying dreams for 25 years and is known all over the world for his accurate dream interpretations. Apart from the general public, he has analysed dreams for celebrities and famous authors, all of whom have admitted a high degree of accuracy.


David was the first person to discover the 'trigger mechanism' in sleep, which identifies message-bearing dreams, thus disproving Freud's idea that dreams are the guardian of sleep. He was also the first to establish a link between neurological visions, caused by trauma, and the subconscious. He has written a fantasy novel, and has had about 40 short stories (nearly all inspired by dreams) published by various imprints.



More about David F. Melbourne can be found at http://ourworld.compuserve.com/homepages/dreamthemes

Lucid Dreams: To be able to control your dream





'Lucid dreams have changed my life.' These are the words of former sceptic, Mark Creed. As an industrial chemist, 37-year-old Mark specialised in polymers, and like so many scientists, was schooled in the concept of behaviourism and thought that if anecdotal phenomena could not be physically measured, they probably did not exist.

This story begins during the summer of 1996 when, at a social gathering, I raised the subject of lucid dreams - I had met Mark only a few times previously. Although he considers himself to be open-minded, Mark could not accept the notion that an individual could be fully conscious, yet still be in dreaming REM sleep. Moreover, the idea that a lucid dream possibly constitutes another level of reality, proved too much for him swallow.

I am accustomed to this understandable reaction from people who, for the first time, learn about the phenomenon. However, unlike some who become openly scornful, Mark was polite enough - albeit wearing a doubtful smile - to hear me out. There then followed a friendly discussion, which covered everything from Newtonian laws of science to quantum physics. By the end, it was evident that I had not succeeded in creating the slightest chink in his steadfast ideas - or had I?

Mark's conscious way of thinking and his beliefs had not changed, but the ever vigilant subconscious had taken in everything I had said. Just a few days later, he experienced his first, brief lucid dream. The next time we met, he not only had the honesty to tell me this, but he was keen to know more about the strange world of lucid dreams.

Regular site visitors will know that I am in the fortunate position of having formed a partnership in dream research with Dr Keith Hearne. Dr Hearne is arguably the world's leading authority on the subject of dreams, specifically lucid dreams, having pioneered the earliest research into the phenomenon, and established the first structured communication from a lucid dreamer to the outside world.

After giving Mark a fairly in-depth explanation about the subject, I supplied him with Dr Hearne's book, The Dream Machine - Lucid dreams and how to control them, (Aquarian), which he took away and read with interest. Then, just a few days later, he had another, longer period of lucidity. From that moment, the way in which Mark viewed the world began to change. Since then, he has had many more lucid dreams, some of which he has found to be quite overwhelming.�

MARK CREED

(Life and death have new meaning!)


Recalling his old behaviourist stance, Mark reported, 'I've always been a realist and interested in science.' He paused, then added, 'And I've always worked in a logical way and believed that everything had to be proved. I used to believe that dreams were an irrelevance and served no purpose. I simply didn't believe in lucid dreams.'

So how has this phenomenon changed his life? 'As far as life goes, it somehow seems less important,' he explained. 'I used to believe that it was incredibly important, something to be clung on to. Experiencing lucid dreams has diminished my sense of mortality. Life is no more the be-all and end-all of everything. I am now more relaxed in my approach to the future.'

As Mark continued talking, the reason for his comments became clear. 'I used to believe that death was the end of everything - nothing before, nothing after. But, as you and Dr Hearne point out, lucid dreams definitely raise the possibility that we all exist in a mentalistic universe.'

Mark's logical mind then reached the obvious conclusion. He went on, 'Therefore if we exist in a mental reality, what's to say that we don't have another life to look forward to after this existence?'

Mark acknowledged that experiencing such a powerful degree of lucidity has resulted in adding a spiritual dimension to his life, where none existed before. He concluded, 'My entire outlook on life and death has changed!'

Nowadays, Mark records all his lucid dreams and passes them on for Dr Hearne and myself to study and research. Mark's logical thought patterns and grounding in science make him an ideal subject for carrying out specific experiments during these dreams.

For example, Dr Hearne and I are interested to know what happens when a lucid dreamer attempts to pass through solid objects. In this sense, there already exist accounts of effects and events under these circumstances, and Mark's reports could help confirm these findings. Among other tests, we are keen to experiment with precognition, (foresight).

At this juncture, it is worth pointing out to you, the reader, that my own research into lucid dreams suggests that they vary in potency. Some people might become aware that they are dreaming for a fleeting moment, before lapsing into a conventional dream, (slight lucidity). This is sometimes reported during a nightmare.

Others can be aware that they have achieved full long and short term memory recall, (regained their identity), but take no active part in the dream. Instead, they observe in wonderment as the dream unfolds around them, (medium lucidity).

Mark, however, is fortunate in that his memory and identity are restored, and he enjoys taking an active part in the dream, even to the extent where he is learning to control the events, (high lucidity).

A small proportion of the population, however, experience something more powerful, in that they appear to be able to utilise the lucid dream state to initiate an out of body experience. I have coined the phrase, 'A full-blown lucid dream'.

It must be emphasised that the chart below is based on my estimation of the statistics accessed on dreams that are reported to me - more research has to be carried out in this field before these figures could be regarded as statistically significant. Nevertheless, they do provide an interesting grounding on which to begin such work.



To give you a better idea of the amazing potential of the lucid dream, Mark has kindly agreed to allow us to publish one of his experiences of this miraculous phenomenon. His detailed observations provide valuable research material. I have selected the following dream, because it raises many questions of how the perception of time itself can be affected.

MARK CREED'S ACCOUNT

I was looking through the back door of a car at its interior. I then moved from the car to look at my surroundings. I was on the pavement in a town street. When I looked up, the sky was blue and it was very bright and sunny. I felt euphoric. The street was wide and I don't recall any people. I gazed at the shops and the skyline - everything was bathed in sunshine. It felt Mediterranean.

I ran down the middle of the street. I felt great. I remember thinking about experiments that Dave and Dr Hearne wanted me to do, and recalled the one about jumping off a chair, but I couldn't see one. I needed to concentrate hard to conjure one up, but I was loath to do so in case I woke up; besides which, it was such a fantastic day, I couldn't care less about the chair.

I carried on running, looking up at the flags and bunting. I felt that I wanted to fly. Then I thought, 'I can fly!' Concentrating, I ran and flew up, but I couldn't sustain the concentration and came down again.

I carried on running towards another street. As I ran, I thought that I must take off in order to clear the buildings, but I couldn't get off the ground. I fell over on the pavement and rolled on the ground. As I fell, I kept my eyes open and watched the shops and buildings. They went from in front of me, to being above. The reality and perspective were astonishingly real.

As I lay gazing, I thought clearly that this stunning experience was a creation of my brain. During the fall, I felt no pain. I got up and ran along the road into a huge circular centre, rather like a roundabout without streets leading from it. I stopped and wondered how long I had been dreaming lucidly. I considered it and concluded that it felt like between ten and fifteen minutes.

The place was a bit like Coleford town centre, but without the clock-tower in the middle. Still bright and sunny, it felt even more Mediterranean.

I saw a red car parked, and decided to try and lift it up. Without effort, I lifted it over my head. I felt like Superman. Then, I wanted to see if I could stop a moving car. I ran to the middle of the centre to wait for cars, at which point, people began to appear walking by. I wanted some cars to come out of adjoining streets, but didn't conjure them up consciously.

Low and behold, cars started to appear, driving by. They were all old cars, and I'm sure one was a Triumph Herald. I wanted to run in front of them to see if I had the power to stop them. I still felt like Superman, and didn't think that I could be harmed. The cars stopped coming, so I consciously conjured up some more. Three light olive green cars from the mid-seventies drove by in front of me. They were shiny like new, all in excellent condition and very real.

The cars and people dispersed. I ran down the middle of the street. I felt great. I very much wanted to be by the sea. I ran round a corner, and there was the sea and a beach. I continued running, across the sand and into the sea. Before I saw the sea, I just knew it would be there.

I stopped in about six inches of crystal clear water and began to study things. The sea was so clear and blue, with gentle ripples, as one would expect on a calm day. However, something strange was happening. The motion of the sea was in quick time - sort of fast forward. Carefully, I scanned it from the horizon to my immediate vicinity. It was like watching a video being played on fast forward.

Except for the sea moving so fast, the perspective and colours were totally convincing and real. But the strangest thing was that, in complete contrast, I was moving at normal speed. Bizarre! Astonishing! I woke up, glanced at the clock. It was 8.30 a.m. I felt euphoric, charged up, fantastic.

* * *

Readers will be interested to note that, despite Mark's grounding in science, in this instance, even he was unable to overcome the exhilaration of the experience, in order to carry out the set tests. Also worth noting, is the fact that much of the dream has been cut to avoid this article running out of space - no ordinary dream could be recalled with so much clarity and detail.

Finally, Dr Hearne and I are always interested to receive accounts of lucid dreams, particularly those which contain unusual sequences. Perhaps 'lucid' dreams have changed your life? Would you like to help us in our research, by joining our network of lucid dreamers, who carry out tests and report back to us?

Email dreamthemes@compuserve.com



DAVID F. MELBOURNE, who lives on a remote Scottish island, has been studying dreams for 25 years and is known all over the world for his accurate dream interpretations. Apart from the general public, he has analysed dreams for celebrities and famous authors, all of whom have admitted a high degree of accuracy.


David was the first person to discover the 'trigger mechanism' in sleep, which identifies message-bearing dreams, thus disproving Freud's idea that dreams are the guardian of sleep. He was also the first to establish a link between neurological visions, caused by trauma, and the subconscious. He has written a fantasy novel, and has had about 40 short stories (nearly all inspired by dreams) published by various imprints.



More about David F. Melbourne can be found at http://ourworld.compuserve.com/homepages/dreamthemes

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Sobre sonhos...(6)




Gostaria aqui de descrever um insight que me ocorreu nesta madrugada, durante o estado hipnagógico. Foi uma "mensagem" clara, o que me leva a uma mudança de abordagem.



Resumindo :



- considero que a porta de entrada para os sonhos lúcidos - ou seja, entrarmos em sonho já lúcidos - requer que estejamos lúcidos desde o "primeiro momento", ou seja, desde o momento em que os sonhos começam a se formar;



- pelo que observei, os sonhos se formam primeiramente por meio de "visualizações" - "cenários" completos, providos de grande detalhamento, realismo etc. A diferença entre as "visualizações" e o sonho normal é que o Ego onírico ainda não está formado. Somos apenas espectadores de um "filme";



- portanto, para entrarmos nos sonhos já lúcidos devemos dominar a técnica de entrarmos lúcidos nessas visualizações;



- o que eu vinha tentando até ontem, era entrar lúcido nas visualizações por meio da retenção da atenção lúcida desde o estado precedente, que é o estado hipnagógico. O raciocínio era simples: mantendo-se lúcido durante esse estado e não deixando-se hipnotizar completamente, fatalmente as visualizações surgiriam, sendo uma questão de dosagem, persistência e treino: o sonho se formaria com a atenção ainda firme;



- porém, a novidade foi o insight de ontem: pareceu-me que o estado hipnagógico é uma etapa a ser cumprida tão somente para colocarmo-nos numa frequencia cerebral adequada - um estado de relaxamento profundo. Ele é utilizado pela mente para desconstruir as referências egóicas (corpo, tempo, espaço), quebrar as resistências. Porém, não devemos nos manter nesse estado por muito tempo, na tentativa de prolongar a atenção ao máximo. Ao contrário. Devemos abrir mão de toda a atenção - aceitando e até acelerando o processo de quebra dos referenciais - lançando-nos no "dilúvio" de fluxos a fim de que as imagens (as visualizações) se formem o mais rápido possível.


A sutileza aqui é a seguinte: substitui-se a "atenção" pela "vontade" (prefiro dizer "firme propósito"). Ao nos lançarmos com firme propósito no fluxo (mas sem retenção de atenção), parece que nos transportamos para os cenários oníricos ainda com um certo grau de lucidez. A lucidez é mantida por meio desse "firme propósito" e não por meio da atenção. É como se a atenção estivesse embutida na vontade...




Essa abordagem envolve uma mudança de pressuposto acerca do que seja o "Ego onírico" (e talvez possamos até estender esse questionamento para o Ego normal). Pois usualmente compreendemos o Ego onírico dos sonhos lúcidos como o mesmo que usualmente identificamos na vigília. Se o insight revelar-se correto, a matriz do Ego (onírico e na vigília) é a "vontade", sendo esta que servirá para sua "reconstrução" no novo cenário onírico. Portanto, a mente deve sempre, necessariamente, quebrar todos os referencias do Ego (corpo, tempo, espaço e...a atenção, que depende destes) sobrando apenas o núcleo de "vontade". A partir desta - e não da atenção - é que a lucidez se forma nos sonhos lúcidos.


E de fato, quanto mais tentamos reter "lucidez" (atenção) durante o estado hipnagógico, mais este se prolonga, retardando a entrada "em cena" das visualizações (o início dos sonhos). Retarda-se o sonho. É uma luta injusta para com a mente, pois se queremos entrar nos sonhos, a mente deverá quebrar, previamente, seus referenciais, incluindo aí a "atenção". Pretender manter a atenção firme dá origem a um conflito exaustivo, pois estamos pedindo duas coisas contraditórias: sonho e atenção-egóica.




Assim, tudo isso é bastante coerente com o que já disse acerca da perda de referências, que ocorre justamento no estado hipnagógico. Pois se a mente (a consciência) perde seus referencias, torna-se mesmo impossível manter a atenção, ao menos aquela atenção "consciente" que usualmente utilizamos. O que sobra, então após a "desconstrução" do "Eu" ocorrida no estado hipnagógico (e que é condição necessária para a mente nos transportar para o mundo onírico) ? Sobra a "vontade" (o firme propósito) que será a matriz para a formação do Ego onírico, já na fase de sonho.




Portanto, creio que tudo isso faz sentido: devemos passar pelo estado hipnagógico como transição necessária para a perda dos referencias; detectando que a frequencia cerebral já está baixa e o processo de hipnose avança, devemos lançar-nos no fluxo com maior ímpeto ainda, com esse firme propósito (o propósito mais firme servirá para conferir maior lucidez para o Ego onírico), buscando aquela instância misteriosa e profunda em que as imagens (visualizações) são formadas e que nos transporta para o universo onírico.


Uma vez lá, percebemos que esse firme propósito se traduz em uma firme lucidez.



terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Sonho lúcido: voando na véspera de Natal

Este sonho ocorreu nesta madrugada, após um período em que permaneci acordado, voltando a dormir, quando então o sonho lúcido aconteceu.
Estava conversando com algumas pessoas de meu trabalho sobre assuntos profissionais. Lembro-me que estávamos em 3 pessoas, e uma delas era chinês (de fato, tenho um colega chinês, com o qual praticamente não tenho contato). Nessa conversa, eu defendi a tese de que "devemos assumir responsabilidades, desde que possamos contar com amigos para tanto", ou seja, devemos assumir cargos e responsabilidades, desde que haja uma equipe que nos apóie.
Terminada a conversa, cada um segue seu rumo - agora não mais estávamos em um escritório, mas no centro da cidade de São Paulo, no final da Maria Paula, na altura do cruzamento com a Brigadeiro Luis Antonio. É véspera ou ante-véspera de Natal e a cidade está bem vazia, trânsito livre. Porém, as poucas pessoas que ainda estão na rua estão com muita pressa.
Tento atravessar o cruzamento e vejo que os poucos carros e motos correm em uma velocidade enorme, inacreditável e, por isso, tenho dificuldades em atravessar. Porém, insisto e, apesar desse obstáculo (e risco), consigo atravessar. Então me ocorre que "ainda tenho um trabalho a fazer - da Faculdade - e terei muito pouco tempo, pois, afinal, estamos em véspera de feriado". Como farei ? Me ocorre tambem que tenho que terminar esse trabalho logo, pois um colega da Faculdade precisará copiá-lo de mim. A voz desse colega então surge (mas não consigo vê-lo - é como se estivesse num celular), reclamando da falta de tempo que terá para concluir o trabalho etc.
É aqui que começa a surgir a lucidez do sonho: ao invés de ficar aflito, respondo que "não há com que se preocupar" e que na verdade, "a vida é muito bonita, não temos com que nos preocupar com nada...".
E, diante dessa euforia, começo a flutuar e a voar, ficando claro, então, que se trata de um sonho. Vejo claramente as casas bem embaixo de mim e resolvo ir flutuando até o centro da cidade, em baixa altitude.
Ao atravessar o viaduto da Brigadeiro (estou ainda mais eufórico), percebo que há duas pessoas muito pobres sentadas na calçada, um menino e uma mulher. Percebo que o menino tem uma ferida muito grande na altura da barriga (ou dos órgãos genitais, não sei bem) e isso me causa angústia, pois contrasta com que eu estava sentindo até então. Fico na duvida sobre o que fazer e é nesse momento que acordo.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Sobre sonhos...(5)


Volto à questão dos sonhos, desta vez para abordar a tentativa de obter a lucidez onírica já a partir do momento em que os sonhos se iniciam. Ou seja, entrar em estado de sonho sem perder a lucidez.


A fim de obter esse resultado - ou seja, entrar no sonho já lúcido - tenho procurado prolongar o estado de atenção ao máximo, o que tem me levado a interessantes experiências durante o estado hipnagogico, que é aquele estado "intermediário". O prolongamento desse estado por até 1 hora acabou tornando-se uma espécie de "meditação", um estado muito particular de "conciência alterada" e que me deram alguns insights.


Percebi que os pensamentos fluem cada vez mais livremente, numa espécie de hipnose e que esse processo exerce uma espécie de "sedução" sobre a minha "consciência". Se deixarmos o processo ir adiante, o estado de atenção tende a diminuir e, repentinamente, o sonho surge, não como decorrência daquelas idéias e sensações do estado hipnagogico, mas abruptamente, como ruptura, surgindo imagens completas e cenários com grande dose de realismo que não guardam, via de regra, relação imediatamente identificável com as sensações do estado precedente.


Diria que, nesse ponto, o sonho já se formou, porém, o "Ego onírico" ainda não atua, não está formado, ficamos apenas como "espectadores". Creio que o "Ego onírico" só se forma e atua (interage) com as imagens num segundo momento, quando estas se estabilizam.


Recentemente, senti o seguinte: no estado hipnagogico, parece que uma das primeiras coisas que ocorre é a perda do referencial corporal, ou seja, as idéias, imagens e sensações se sucedem, porém sem que o corpo esteja presente como referencial.


O que me veio durante esse estado é que a Razão precisa desse referencial – por isso ela é a primeira "vítima" da perda do corpo. A Razão desaparece, sobrando apenas sensações e um encadeamento aparentemente desconexo de idéias, imagens etc.


Se voce prolongar mais tempo esse estado, pode ocorrer uma sensação de confusão, pois como não há mais o referencial do corpo, é como se o Ego (ou a consciência ordinária) não tem mais ao que se apegar - valendo dizer, o Ego ordinário perde seus referenciais.


E esse é o dilema que me encontro agora. Pois se o estado hipnagogico leva à dissolução do Ego, torna-se necessária a formação de um outro tipo de consciência - ou seja, um outro tipo de atenção - para que possamos entrar no sonho já lúcidos: um tipo de consciência não ancorada nos apegos ordinários (o corpo, o meio físico etc).


Lendo o Livro Tibetano dos Mortos, percebi que há descrições muito semelhantes sobre o processo da morte: parece que, com a perda dos referenciais físicos e emocionais, o que resta de "consciência" enfrenta um dilema:


1) se esse “Eu” não conseguir "transcender" ou desapegar dos apegos ordinários, viverá um grande estado de confusão, buscando, posteriormente, desesperadamente outras coisas a que se apegar. Daí, segue-se a encarnação em um dos 6 reinos. Aqui, tratando-se de sonhos, o que proponho é que esta "encarnação" se faz por meio do sonho ordinário, que fornece a resposta adequada à pergunta de um Ego comum - por meio dos sonhos convencionais;


2) ou, alternativamente, se a "consciência", agora desprovida de referenciais, consegue transcender, ruma para a iluminação. Aqui, no caso dos sonhos, uma consciência sem apego entra já lúcida no sonho - ou mesmo um outro tipo de estado de consciência.

A questão, portanto é: como manter a atenção sem que o Ego ordinário atue ?

sábado, 26 de janeiro de 2008

Sonhos lúcidos no Tibet




SONHOS LÚCIDOS NO TIBETE

Otávio Ferreira de Aquino

O Tibete, o paraíso dos poderes paranormais, deu um grande destaque aos sonhos lúcidos. Talvez o maior que uma cultura já deu. Já no séc. VIII da era cristã tinham o seu próprio manual para entrar consciente nos sonhos, per­manecer lúcido e sonhar a noite toda.

Nós encontramos no "Livro Tibetano dos Mortos", o Bar­do Thodol, entre os exercícios iogues, a Doutrina do Estado do Sonho, que consiste em vários meios para manter uma consciência no sonho igual ou maior do que no estado da vigília ativa, passar de um estado para o outro, sem perder a memória, sem nenhum lapso mnemônico.

Dizem os tibetanos, que vários dos seus mestres alcançaram plenamente esse estado, que controlavam os seus sonhos ao seu bel prazer.

Para nós ocidentais é incompreensível a linguagem sim­bólica tibetana. O melhor é tentar comparar o que eu escrevi ao longo deste livro em vários capítulos e fazer um paralelo com 0s ensinamentos tibetanos. Pelo menos vai ser o jeito mais fácil de compreender.
Em primeiro lugar, o objetivo do sonhador lúcido tanto lá quanto cá é o viver melhor e o crescimento psicológico. O que varia é o conceito de melhoria de vida e crescimento psicológico. Para eles é se preparar para a morte, para nós não.

Eles têm um interessante conceito de Estado de Sonho Ausente, esse termo, pela sua própria natureza, é um pouco diferente do sonho lúcido sem sonho. Nesse estado do sonho ausente, para a mente plenamente iluminada tudo, tudo mesmo, sonho e vigília ativa e todos os reinos psíqui­cos são sonhos, e se está livre dessas ilusões. Ou será que os conceitos são idênticos ? Juro que não estava pensando no Tibete quando escrevi sobre o sonho sem sonho. Até pensei que fosse um conceito original. Bem, continuo achando que são diferentes.

Uma coisa que eles incentivam muito nos sonhos, diga­mos 2-3, é você transmutar o conteúdo dos sonhos. Assim, se você sonha com fogo, mude o sonho para água, se sonhar com pequeno mude para grande e assim por diante. Isso nada mais é que o controle dos sonhos, que é um dos componentes do sonho lúcido. Outra coisa que eu quero chamar a atenção é que para alcançar o estado de plena lucidez nos sonhos eles passavam o dia meditando o conteúdo de seus sonhos. Ou seja, eles dão muita importância aos sonhos e, por isso, aumentam e muito, seus rendimen­tos. É por isso que o sonho, dos ocidentais, é fraco.

Eles têm uma prática que se chama compreensão pelo poder da resolução, que se refere a resolução de se manter ininterrupta a continuidade da consciência ao longo de am­bas as vigílias, ativa e onírica. Isso nada mais é do que a força de vontade de se manter acordado nos sonhos e a vigília ativa, desperto, lúcido, todavia, só tem um pequeno problema, é muito difícil.

Um outro conceito que é "unha-e-carne" é o conceito de Buda, que nada mais é do que o ser plenamente realizado, o que casa com a definição positiva do 'aluno nota 10’. Aliás, também são muito semelhantes os conceitos de mente plenamente iluminada e o mais profundo do mais profundo do mais profundo do nosso' ser, que chamo de "E2".

É interessante notar que eles descrevem certas regiões geográficas dos sonhos que são muito consistentes. Eles não têm nomes muito exóticos, mas tem a ver com o que eu chamei de sonhos impessoais.

Nota-se que o controle dos sonhos na fase de transmuta­ção relaciona-se, também, com práticas terapêuticas, ou seja, o aprendiz tibetano, sem o saber estava fazendo uma sessão de terapia onírica, mas o seu guru sabia.
Há uma história, um ensinamento, que pode ter ocorrido ou não. Certa vez, um sonhador lúcido tibetano, que havia visitado todos os reinos dos sonhos, mas não tinha alcança­do ainda a iluminação, veio ter com Buda, que lhe ensinou o caminho, e esse personagem alcançou a iluminação.

Pode-se ver claramente, o caráter complementar da vigília ativa-onírica. O sonhador lúcido não era dos melho­res. Os reinos dos sonhos são ponto 5, não passou daí. Buda iluminou-o, aí ele passou para 7° ponto. Ele precisou de Buda para se auto-realizar (sic).

Quanto ao problema da morte, eles a consideravam uma espécie de sonho, com características muito peculiares, e, cabe ao yogue tentar manter uma lucidez nesse processo todo da mesma maneira que o sonhador lúcido durante o sono.







Do livro: TEORIA E PRÁTICA DOS SONHOS LÚCIDOS

de Otávio Ferreira de Aquino


Ed. Xama


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quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Sonho lúcido Pode Contatar uma Dimensão Superior



Um pesquisador de sonhos lúcidos, Gregory Scottt Sparrow, realizou a seguinte experiência para uma Instituição americana. Durante um sonho lúcido tentou entrar em contato com seres espiritualmente superiores. Mais tarde disse ter uma série de encontros com uma bola de "luz viva" que sentiu ser uma conexão com uma verdade superior, mas toda vez que se aproximava dela, para pegá-la, ela se afastava ou desaparecia, para tornar a voltar. Finalmente, a fonte de luz lhe disse, telepaticamente, que o caminho para os desejos do seu coração era não desejar egoísticamente, mas aprender a domar os seus apetites possessivos.



Do livro "Teoria e prática dos Sonhos Lúcidos" de Otávio Ferreira de Aquino, Editora Xama

SONHO E MULTIDIMENSIONALIDADE



HYPNOS - Conto de Lovecratt

"A propósito do sono, sinistra aventura de nossas noites, podemos' dizer que os homens vão dormir revestidos de uma audácia que seria incompreensível se não soubéssemos que ela é o resultado da ignorância do perigo".
Baudelaire
(citação feita por Lovecraft)

Se existem deuses clementes, que eles me protejam durante essas horas em que nada no mundo pode me prote­ger dos abismos aterrorizantes do sono! A morte é suave, pois que sem retor­no, mas aquele que emerge das câmaras profundas da noite, atemorizado pelo que sabe, não encontrará jamais o descanso. Fiquei transtornado quando mergulhei nos mistérios que o homem não foi feito para alcançar. Quanta excitação sem freios! Quantos apetites sem controle! No que diz respeito a meu amigo, aquele que me con­duziu, que foi mais longe do que eu, e que foi levado embora por forças das quais até hoje eu temo o apelo, quanto a meu único amigo - era um louco, era um deus?

Lembro-me de que nós nos conhecemos em uma estação. Um grupo de passantes curio­sos estava à sua volta. Achava-se caído ao chão, inconsciente. Uma convulsão tornara estranhamente rígido aquele corpo magro vestido de negro. Devia ter 40 anos. Seu rosto, descarnado era sulcado por muitas rugas, porém possuía um oval puro e uma conformação nobre. Sua cabeleira espessa e sua barba curta apresentavam-se grisalhas. Sua fronte era alta e alva como o mármore de Pentelicus. Sou escultor, e para mim aquele homem desmaiado era um fauno da Hélade saído das ruínas de um templo, res­suscitado e atirado em nosso mundo opressivo para sofrer entre nós o frio e o peso do tempo. Quando ele abriu seus olhos imensos, e negros senti que havia finalmente encontrado um amigo. Pois tais olhos haviam, sem dúvida alguma, contemplado coisas repletas de grandeza e de espanto, coisas do Além, as mesmas que eu desejava em sonho e procurava em vão. Afastei os curiosos, disse àquele homem, sem preâmbulos ou hesitações, que ele era meu mestre, meu guia, meu irmão, e ele concordou entrecer­rando os olhos. Fomos embora os dois, mudos. Um pouco mais tarde ele começou a falar, e a música de sua voz evocava violas muito antigas esferas de cristal. Con­versávamos noite e dia, enquanto que eu esculpia seu busto ou gravava seu rosto no marfim.
Não me é quase possível precisar a natureza de nossas pesquisas. Somente posso dizer que se tratava de apreender o fio de um outro universo situado além da matéria, do tempo e do espaço. Era somente no sono que suspeitávamos a existência desse fio, ou antes, em alguns sonhos excepcionais, sonhos de sonhos, ultra-sonhos que permanecem ignorados da maior parte dos homens e sur­gem somente uma ou duas vezes ao longo de uma vida consagrada ao espírito.

Os sábios interpretaram os sonhos, e os deuses zombaram. Um homem com olhos de oriental disse que todo tempo e todo es­paço são relativos, e os homens não com­preenderam. Mas esse mesmo sábio perce­beu apenas de relance coisas estranhas e formidáveis. Meu amigo e eu tentamos ir mais adiante. Com a ajuda de drogas exóti­cas partimos à procura de visões terríveis e proibidas. Tudo isso se passava em nosso estúdio, na torre de uma mansão do condado de Kent.

A impossibilidade de me exprimir é a pior das agonias que eu agora atravesso. Nenhu­ma língua possui os símbolos necessários para relatar o que eu senti e aprendi durante aquelas horas de ímpia exploração. Do começo até o fim nossas descobertas foram da ordem das sensações, mas sensações fora da escala da humanidade normal. No fundo de tudo isso havia elementos incríveis de tempo e de espaço: coisas sem existência separada ou definida. Como me exprimir? Mergulho lento, queda prolongada de um vôo planado? Uma certa parte de nosso es­pírito rompia com tudo que é real e presen­te, seguia para abismos tenebrosos, boiava em uma substância desconcertante, deci­frando algumas vezes certos obstáculos: es­pécies de nuvens amorfas, vapores visco­sos. . .
Nesses vôos negros e incorpóreos algumas vezes nos separávamos, outras vezes nos juntávamos. Porém mesmo estando juntos, meu amigo sempre estava muito adiante de mim. Adivinhava sua presença, apesar da ausência da forma, por uma espécie de memória figurada através da qual seu rosto aparecia envolto em uma luz dourada, in­crivelmente jovem, com a fronte olímpica e os olhos fulgurantes. Nós não tomávamos notas e não datávamos nossas experiências pois o tempo tornara-se para nós simples ilusão. Provavelmente fenômenos estranhos aconteceram, pois eu me lembro que che­gamos a nos perguntar por que não envelhe­cíamos mais. Nossas conversações eram cheias de ambições que se assemelhavam a blasfêmias. Um dia meu amigo escreveu um desejo que ele não ousava proferir. Após queimar o papel, olhei através da janela, com temor, o céu noturno repleto de estre­Ias. . . Ele queria dominar o universo visí­vel e muito além. Um dia a terra e as es­trelas se deslocariam sob o seu comando, um dia ele controlaria o destino de todas as coisas vivas... Afirmo e juro: jamais compartilhei essas aspirações extremas, e se meu amigo disse ou escreveu o contrário ele se enganou.

Chegou um dia em que forças, seres vindos de espaços desconhecidos fizeram-no rodo­piar em um vazio sem limites, além do pen­samento, além de todas as entidades. Desta vez passamos rapidamente através de obs­táculos viscosos, e logo senti que éramos conduzidos para domínios infinitamente longínquos. Meu amigo estava muito adian­te de mim nesse estranho mergulho no indi­zível, no obscuro e no virgem. Eu percebia uma exaltação sinistra na imagem-lembrança de seu semblante tão jovem e luminoso. De repente esta imagem apagou-se, eu perdi o contato e fui projetado contra um obs­táculo intransponível: nuvem amorfa como as demais, porém mais densa, espécie de massa adesiva, se assim posso me exprimir, naquele domínio estranho à matéria. A luta me despertou e abri os olhos que se pou­saram nas paredes de nosso estúdio. Em um canto estava estendido meu amigo sonhador, altivo e belo sob a luz verde e dou­rada que vinha da lua. Ele moveu-se. Quei­ram os céus poupar-me de ouvir uma se­gunda vez o que então eu ouvi! Ele gritou, gritou, e seus olhos negros, que o medo , enlouquecia, banhavam-se no inferno. Des­maiei e foi ele quem mais tarde me ajudou a recobrar a consciência quando teve ne­cessidade de alguém que o ajudasse a afastar de sua alma o horror e a desolação. Foi o fim de nossas pesquisas voluntárias nas cavernas do sonho. Exausto, tremendo e grave, meu amigo, que atravessara a barreira, dis­se-me que não deveríamos nunca mais tentar penetrar no Além. Ele não ousava descrever o que tinha visto. Dali em diante, disse-me ainda, deveríamos dormir o menos possível, permanecer acordados, custasse o que custasse. Ele sem dúvida tinha razão, pois, com efeito, uma espécie de pânico apodera­va-se de mim desde que o sono chegava, a partir do momento em que minha cons­ciência se afrouxava. Mas como seria pos­sível deixar de dormir? Após cada sono breve e inevitável, eu me sentia envelhe­cido e meu amigo muito mais. Em seu rosto que eu tanto admirara, as rugas se multiplicavam a cada minuto que passava. Era terrível, horrendo. Muda­mos de vida. Até o momento meu amigo, que não me contara jamais nem seu no­me nem suas origens, tinha vivido como um recluso. E de repente não podia mais ficar sozinho, ainda que fosse na minha simples companhia. Era necessário ter à sua volta um grupo de pessoas numeroso e fe­liz. Pusemo-nos a freqüentar os lugares onde a juventude se reunia e lá nossa aparência e nossa idade provocavam sarcasmos. A par­tir do momento em que as estrelas come­çavam a brilhar, o medo se apoderava dele e ele lançava olhares inquietos em direção ao céu. Nem sempre fixava o mesmo pon­to No inverno era em direção ao nordeste. No verão, quase acima de nossas cabeças. No outono, voltava-se para o noroeste. E no nascer do dia era sempre para o leste. Ao cabo de dois anos pude compreender que aquele ponto mutável donde lhe vinha tan­ta angústia correspondia à constelação Co­rona Borealis.

Agora tínhamos um estúdio em Londres. Não nos separávamos nunca, e nunca mais evocávamos as coisas antigas. Os excitantes que consumíamos para nos manter desper­tos, uma certa dissolução, a tensão nervosa, tudo isso nos havia consumido. Meu amigo não tinha mais cabelos e sua barba encane­cera. Quase havíamos vencido o sono: uma hora, duas horas no máximo, cada dia. Chegou o mês de janeiro trazendo brumas e uma chuva gelada. Não tínhamos mais dinheiro para comprar excitantes, eu não esculpia mais e sofríamos muito. Certa noite meu amigo, esgotado, mergulhou em um sono profundo de que não consegui tirá-Io. Lembro-me de tudo: nosso triste sótão mergulhado na escuridão, os telhados lavados pela chuva, o tique-taque do peque­no relógio de parede, os rangidos da persia­na e, ao longe o rumor da cidade abafado pela neblina; acima de tudo, aquela respira­ção que parecia ritmar os esforços, as angustias de um espírito em viagem em direção a esferas proibidas, terrivelmente longín­quas. Um relógio bateu as horas em algum lugar; eu estava tenso, perturbado, e meus devaneios repletos de vagos temores regressavam incessantemente a seu centro: o tem­po, o espaço, o infinito. Muito além dos tetos, da neblina e da chuva, nos obscuros desertos do cosmo, Corona Borealis surgia a noroeste, aquela mesma Corona Borealis que meu amigo parecera temer tanto e cujo semicírculo de estrelas devia cintilar, invi­sível a nossos olhos, através de abismos in­transponíveis. Subitamente minhas orelhas febris foram atingidas por um outro som, por um ronronar baixo e insistente, o eco de um clamor monótono e zombeteiro, uma vibração que provinha do céu negro; um apelo que emanava de outros mundos, de muito longe, do nordeste. Mas não foi aque­le rumor sideral que marcou para sempre minha alma, imprimindo nela um terror in­sondável, e me fez soltar tais gritos que os vizinhos e a polícia acorreram para arrom­bar a porta. Não foi aquilo que eu ouvi, e sim o que vi. Pois naquele quarto escuro um facho de luz dourada e vermelha, uma luz fria, atravessou as trevas sem dispersa-­Ias, nasceu no ângulo nordeste e veio pousar­ sobre a cabeça daquele que dormia, sobre aquele rosto que então me apareceu idêntico ao da imagem-lembrança de nossa última viagem através do espaço-abismo e do tem­po dissociado, imortalmente jovem e sorri­dente, tomado por uma alegria áspera e maldita, enquanto se abriam as barreiras do insondável.

Aquele que dormia despertou, os olhos ne­gros e líquidos se contorceram, os lábios muito finos abafaram um grito por demais assustador, e naquele silêncio de agonia se­gui até suas origens o raio de luz proibida. Nesse momento sobreveio-me um ataque de epilepsia que atraiu os vizinhos e a polícia. Não posso dizer o que vi. Não posso. E o adormecido que também viu tudo aquilo e ainda muito mais, nunca mais falará. Mas agora eu me protegerei tanto quanto puder dos Mestres do Sono, do céu noturno, das loucas ambições do conhecimento e da filo­sofia.
Não sei exatamente o que se passou. Meu espírito desequilibrou-se. Mas o dos outros também creio. Dizem que jamais tive ami­go. Dizem que sempre fui só, inteira e tra­gicamente ocupado com a arte, a metafísica e a demência. Não tiveram uma palavra de piedade para com meu amigo, paralisado para sempre, imobilizado para sempre em seu canto. Mas o que eles encontraram no divã deixou-os maravilhados, ao que parece. Puseram-se a entoar louvores em meu favor, deram-me uma glória que não compreendo, uma reputação que pouco me importa no fundo de meu desespero, enquanto perma­neço sentado horas e horas, dias e dias, cal­vo, a barba grisalha, encolhido, paralisado, alquebrado, e adorando o objeto que encon­traram. Eles também olham extáticos esta coisa fria que o facho de luz zumbidora me deixou. É tudo o que resta de meu amigo. Trata-se de uma cabeça de mármore, mara­vilhosa, olímpica, de uma juventude e de uma perfeição fora do tempo, e coroada de papoulas. Dizem que este rosto é o mesmo que eu tinha aos 25 anos, Mas no pedestal um único nome acha-se .gravado em letras de traços áticos: Hypnos.

Fonte: Revista Planeta - anos 70




http://pt.wikipedia.org/wiki/Howard_Phillips_Lovecraft

Howard Phillips Lovecraft

Muitos dos trabalhos de Lovecraft foram diretamente inspirados por seus constantes pesadelos, o que contribuiu para a criação de uma obra marcada pelo subconsciente e pelo simbolismo. As suas maiores influências foram Edgar Allan Poe, por quem Lovecraft nutria profunda afeição, e Lord Dunsany, cujas narrativas de fantasia inpiraram as suas histórias em terras de sonho. Suas constantes referências, em seus textos, a horrores antigos e a monstros e divindades ancestrais acabaram por gerar algo análogo a uma mitologia, hoje vulgarmente chamada Cthulhu Mythos, contendo vários panteões de seres extradimensionais tão poderosos que eram ou podiam ser considerados deuses, e que reinaram sobre a Terra milhões de anos atrás. Entre outras coisas, alguns dos seres teriam sido os responsáveis pela criação da raça humana e teriam uma intervenção directa em toda a história do universo.
A expressão Cthulhu Mythos foi criada, após a morte de Lovecraft, pelo escritor
August Derleth, um dos muitos escritores a basearem suas histórias nos mitos deste. Lovecraft criou também um dos mais famosos e explorados artefactos das histórias de terror, o Necronomicon, um fictício livro de invocação de demônios escrito pelo, também fictício, Abdul Alhazred, sendo até hoje popular o mito da existência real deste livro, fomentado especialmente pela publicação de vários falsos Necronomicons e por um texto, da autoria do próprio Lovecraft, explicando a sua origem e percurso histórico.


terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Sonho lúcido da escultura

Este sonho aconteceu na madrugada do dia 21/01/2008 e transcreverei o relato escrito naquela madrugada, logo após ter acordado.
Estava no computador pegando EMails (ou em algum tipo de correio eletrônico). Vejo que há uma mensagem de minha tia para o Professor Safatle (de Filosofia da USP), com cópia para muitas pessoas daquele curso. Ela propõe no EMail uma idéia tão simplória que me deixa constrangido: a de que "sem propriedade privada não há alienação". Ao ler o EMail, fico extremamente envergonhado ou constrangido, pois sei que irão reconhecer meu sobrenome e, por isso, tento escrever uma "réplica" de que "se fosse assim, não haveria alienação nos países ditos socialistas". (transcrevendo esse relato, percebo algo em comum entre a palavra "PC" - Personal Computer - e "PC" - de Partido Comunista). Porém, não consigo (não me lembro porque...). Vejo então minha tia na tela do PC, numa foto em que ela aparece em pé, em frente da casa da praia, como se aquele fosse o lugar ideal para ela, uma espécie de "paraíso" onde ela se sente bem. (OBS: aqui, é importante frisar que minha tia, de fato, é uma pessoa bem velha, estando hoje em situação de extrema dependência física e com saúde fragilizada). Porém, o lugar está diferente do que realmente é, mais belo. Parece que minha irmã Sílvia está a alguns metros de distância dela, em frente à casa ao lado.
Observando essa foto no computador, acabo entrando nela e passo a ver minha tia dentro dessa casa, supostamente a casa da praia.
Vejo que é uma casa de paredes rústicas amarelas, com vigas e colunas em madeira escura e sem forro, como uma dessas casas de praia ou sítio de arquitetura moderna e despojada. Há uma garagem e uma sala, como inúmeros opbjetos de arte ou artesanato, parecendo uma daquelas casas de móveis, com mobília espalhada.
Por um vão no telhado - talvez uma abertura de vidro - percebo uma linda paisagem, uma vista para o Oceano, com ilhas ao fundo.
Então, pergunto algo para minha tia e ela me dá uma resposta que reputo boba, simplória e acrescenta: - "então agora voce percebe o que sempre falei mas o Lincoln (nome do meu tio, falecido) e seu pai não acreditavam." Supus que ela estava se referindo a algo que tenha a ver com o prórpio sonho lúcido, já que ela era, de fato, Rosacruz. De qualquer forma, não dei a mínima atenção a ela, preferindo explorar a casa, que era o cenário do sonho, agora tornado lúcido. Dirijo-me à sala anexa, que como disse estava repleta de objetos e móveis, como uma loja de móveis, com muitas esculturas em madeira. Enquanto ando pela sala, sabendo tratar-se de um sonho, ocorre o pensamento de que é espantoso ainda não ter acordado...Na verdade, parecia mais uma visualização, pois creio que o sono era bem leve (é o que penso, inclusive, durante o sonho).
Enquanto ando pela sala, vejo móveis e esculturas com muitos símbolos. É quando vejo uma escultura em madeira escura, entalhada, de um grande pé ao lado de uma mão, formando um conjunto. Tudo de madeira envernizada. Ao lado dessa escultura, há um outro objeto: um pedestal fino, como uma espécie de abajour, mas, ao invés de levar a lâmpada em cima, há uma espécie de caixa de madeira; aproximando-me dele vejo a inscrição "ELE" (com a letra "L" maior que os 2 "E"s), entalhada. Acima dessa palavra, há uma espécie de presépio, bem pequeno e, abaixo de ambos, uma pequena gaveta. Entretanto, enquanto penso no que significa a inscrição "ELE", sinto algo incômodo nas minhas costas, por dentro da camiseta. Suponho ser uma grande aranha, mas poderia ser também algo de palha. Este é o meu pensamento durante o sonho. Entretanto, não me assusto, antes me aborreço, pois sei que tal incômodo parece ter surgido justamente para interromper a exploração do sonho. Tudo isso está bem nítido na minha consciência. Ao invés de ignorar e abrir a gaveta, resolvo por as mãos nas costas, agarrar a "aranha de palha" e jogar esse ser grande para longe. E é exatamente nesse ponto que acordo !

TEORIA E PRÁTICA DOS SONHOS LÚCIDOS


TEORIA E PRÁTICA DOS SONHOS LÚCIDOS

Otávio Ferreira de Aquino

Editora Xama


A primeira coisa a ver são os diversos níveis do ego onírico. A classificação que eu vou dar é empírica, tosca, gros­seira, mas é útil aos propósitos deste livro.
1- O primeiro ponto, o mais baixo da classificação é o sono sem sonho, inconsciência total, sem imagem (mundo dos sonhos) e sem corpo (corpo dos sonhos), Esse primeiro nível não nos interessa muito, quase nem vou falar dele.
2- O segundo ponto, é o sonho filme: você se vê como se esti­vesse em uma tela com baixa lucidez e baixo rendimento.
3- O terceiro ponto é o sonho-ator: você é o ator, mas ainda com baixa lucic1ez e baixo rendimento.
4- O quarto ponto é o sonho lúcido mínimo: já com alguma lucidez, mas com baixo rendimento.
5- O quinto ponto é o sonho lúcido médio: é como se você estivesse praticamente acordado nos sonhos, lucidez e ren­dimento bons.
6- O sexto ponto é o sonho lúcido máximo: você acha que na vigília ativa é que está dormindo, e agora é que você está acordado; a lucidez e o rendimento são mais do que ótimo.
7- O sétimo ponto é o sonho lúcido sem sonho, o ponto mais alto da classificação, sem imagem, sem mundo dos sonhos, sem corpo dos sonhos, é a superconsciência total ou o in­consciente consciente de si.
É de se notar a forma piramidal dessa classificação. Na base a maioria da humanidade, no topo, a minoria da mino­ria da minoria. .Outro ponto útil dessa classificação é a possibilidade de um modo simples de controle.
Depois de anotar o sonho, analise-o do ponto dessa classificação enumerando-o. Depois de um certo tempo, você tem um perfil dos seus so­nhos e a partir disso, fica muito mais fácil trabalhar. Pode-se observar uma importante característica, a evolu­ção da lucidez, que é do quarto ponto em diante que a encontra­mos.
Um pequeno parêntese : essa classificação não é rígida, pois nada impede que você tenha sonhos 3,5; 3,75; 6,999; etc. A meta do sonhador lúcido é obter cada vez mais lucidez.
Um ponto que está implícito na classificação, é que apartir do ponto 6, qualquer coisa em diante, o sonho ganha características, ao acordar você se lembra, de tudinho que sonhou.
Eu quero chamar a atenção para um fenômeno que acon­tece por essas bandas, que é sonhar a noite toda, desde o fechar dos olhos quando se dorme até abri-Ias quando se acorda, de preferência estando de consciência ininterrupta. Alguns iogues tibetanos disseram que conseguiram. Esse fe­nômeno é muito interessante, uma conscientização na en­trada do sono. Assim, você está fechando os olhos para dormir e já está lúcido no sonho.
Nem é preciso dizer o quanto é difícil atingir esses estágios. Na América Latina pode-se contar nos dedos da mão direita os que já atingiram esses estágios. Eu os chamo de aluno nota 10.
Entre o quinto e o sexto pontos temos os poderes paranormais nos sonhos. Assim é possível a pessoa nesse estágio ter ca­sos de clarividência, telepatia, precognição, retrocognição e telecinesia.
Outra coisa interessante é que em um sonho você pode ter vários desses pontos juntos, aleatórios. Assim, você pode ter a seqüência 2-4-3-5-2 ou outra seqüência qualquer. Eu acho que isso só acontece nas fases iniciais dos sonhos, chegará uma fase em que as pessoas sonharão 5-7-5-6-7­5-5 e um dia 7-7-7...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje


A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje
Texto registrado.A divulgação deste artigo é autorizada desde que citados a fonte e o autor.
"I was but a traveler floating endless through the sea, on the other side of knowledge through the pliancy of dream."
(Solitude Aeturnus)
Nos tempos antigos, os sonhos eram considerados como a expressão de um mundo verdadeiro e diferente deste. O mundo espiritual era visto como importante e real, ao contrário do que ocorre hoje. As visões oníricas eram tomadas como o contato do homem com a dimensão desconhecida da existência. Disso decorria a grande importância atribuída aos sonhos nas culturas antigas e confirmada por Sanford (1988) ao abordar a questão da depreciação dos sonhos nos dias atuais:
"(...) enquanto nosso tempo ignora e despreza o assunto dos sonhos, nos tempos antigos eles eram muito mais valorizados. Tanto quanto conheço, não existe nenhuma cultura antiga na qual os sonhos não fossem vistos como extremamente importantes." (p.12)
Ao contrário do que ocorre na cultura moderna, na qual não se presta atenção cuidadosa aos sonhos e se os considera desprezíveis, o homem antigo atribuía importância extrema às experiências oníricas. Essa valorização demonstra que eram entendidos como portadores de alguma forma de realidade pois do contrário não seriam tomados em tamanha consideração. Não se dá importância ao que não existe. Até mesmo uma mentira ou um boato precisam existir, ainda que seja sob a forma de uma idéia vaga na cabeça de alguém, para que se dê a eles alguma importância.
Os comportamentos irracionais do homem, presentes ainda no mundo de hoje, seriam, para os primitivos, sinais da existência de uma realidade espiritual que envolveria forças que os ultrapassavam. Tais forças, incompreensíveis, moveriam os seres humanos e os arrastariam a comportamentos subversores do controle consciente, sendo, além disso, parte de um universo invisível e poderoso mas acessível por meio dos sonhos, nos quais também irromperiam. O mundo espiritual manifestado em sonhos corresponderia a uma forma específica de realidade que seria sinalizada pelo comportamento humano irracional. Haveria ligação entre o ato de nos comportarmos como se estivéssemos possessos e os sonhos pois um seria sinal do outro:
"O comportamento humano não é racional e a humanidade se comporta em todo o mundo como se fosse possessa. Para o homem primitivo tudo isso era sinal óbvio da realidade do mundo espiritual que lhe aparecia nos sonhos. (...) Persistimos em nosso materialismo racionalista, sob a ilusão de que somos racionais e os outros não. Se há distúrbios em nossos sentimentos e em nossa afetividade, atribuímos a causa ao que os outros nos fazem e continuamos pensando que só tem sentido o que nos parece lógico e racional, que só é real o que vemos, ouvimos, cheiramos, tocamos e provamos. Os sonhos tem sentido, mas um sentido que não é lógico. São muito reais, mas sua realidade não é apreendida por nenhum dos sentidos do nosso corpo." (idem, p. 14, grifos meus)
Nos dias atuais, acreditamos que aquilo que não compreendemos não existe. Segundo essa forma de pensar, a existência não possuiria um aspecto desconhecido, um lado não entendido; o incompreensível seria inexistente. Levada ao extremo, tal idéia nos leva a crer que sabemos tudo, que não há mistérios. Trata-se de uma violenta inflação egóica. Em decorrência dessa inflação, rechaçamos o mundo dos sonhos enquanto modalidade especial de realidade por não compreendê-lo. Nosso ceticismo arbitrário não nos permite aceitar a existência daquilo que não conseguimos compreender através dos cinco sentidos. Esses são os únicos instrumentos que sabemos usar em nossos processos de cognição. Ignoramos que o problema está em nós e não no mundo onírico e que temos uma consciência adormecida e medíocre que nos impede de experimentar outras realidades. Não colocamos atenção sincera na limitação dos nossos sentidos usuais. Não percebemos os sonhos diretamente pelos órgãos sensoriais externos e, por isso, pensamos que eles não existem, nos esquecendo de que a realidade possui níveis ou facetas usualmente não-sensoriais. Em tais condições, tudo se passa, para nós, como se o usualmente não-sensorial fosse o nada. Se isso fosse verdade, não haveria um espectro contendo sons inaudíveis e feixes luminosos invisíveis ao olho nu, detectáveis apenas com o uso de equipamentos modernos.
Nem mesmo a religião conseguiu ampliar nossa consciência na direção de captar mais diretamente as realidades internas, apesar de aparentemente se posicionar contra o arbitrário ceticismo reinante. A igreja "já poderia nos ter resgatado dessa filosofia materialista e arrogante, se ela mesma não tivesse renegado suas próprias tradições e, como tudo o mais, sucumbido ao materialismo racionalista dos nossos dias.(...) Ao enfatizar a vida da instituição mais do que a da alma, deixou de lado os sonhos.(...) Foi o que minou a base da vida espiritual da igreja, expondo-a ao mesmo materialismo e racionalismo que ela combatia e que se estendeu pelo mundo inteiro. A igreja preferiu ignorar o fato de que a rejeição aos sonhos ia contra a visão contida na bíblia e no cristianismo primitivo." (ibidem, p.14). O significado que o mundo dos sonhos possui para os religiosos de hoje seria completamente estranho às comunidades cristãs do séc I. Ao rechaçá-lo, nossa igreja teve suas bases espirituais minadas. A vitalidade espiritual perdeu seu alicerce.
Certos sonhos que servem de fundamento às experiências religiosas possuem impressões de realidade tão impactantes que chegam ao ponto de aterrorizar o sonhador (Sanford, 1988). Eles "parecem carregados, de modo especial, com energia psíquica. São os sonhos chamados 'numinosos'. A palavra vem do latim numen, que significa a divindade ou a força espiritual atuante. Dizemos que experimentamos algo numinoso quando isso parece nos levar a participar da natureza de uma realidade espiritual diferente, que existe para além de nossa natureza pessoal. (...) A santidade de Deus é a própria numinosidade. [Rudolf] Otto enfatiza que, diante do Deus de Israel, o homem sente temor, admiração, horror, enfim, sente o ser próprio de criatura. A numinosidade constitui a matéria-prima da experiência religiosa." (pp. 33-34, grifo meu). Experiências oníricas numinosas nos dão a sensação de participar de uma realidade transpessoal. Sentimos estar em contato com algo verdadeiro que está além de nós mesmos e nos ultrapassa. Obviamente, a experiência não provocaria terror se o seu conteúdo não fosse tomado como real.
Segundo a Bíblia, a realidade transcendente se revela ao homem durante as horas do sono, embora ele não perceba:
"(...)Deus fala de um modo, sim, de dois modos mas o homem não atenta para isso.Em sonho ou em visão de noite, quando cai o sono profundo sobre os homens, quando adormecem na cama, então lhes abre os ouvidos e lhes sela a sua instrução, para apartar o homem do seu desígnio e livrá-lo da soberba; para guardar a sua alma da cova e a sua vida de passar pela espada." (Jó 33. 14-18, grifo meu)
Deus instrui o homem dentro do mundo onírico e torna-o receptivo à Sua instrução. Ele o protege e o ajuda a evitar a morte e a espada do inimigo. Isso não seria possível se o mundo dos sonhos fosse tomado como irreal.
Na autobiografia de um filósofo e teólogo persa do século XI, Al-Ghazzali (apud James, 1995), a realidade dos sonhos chegava a ser vista como a de um estado similar ao de Deus e fornecer o dom da profecia. Ele considerava que:
"Deus aproximou o profetismo dos homens ao dar-lhes um estado análogo a Ele em seus caracteres principais. Esse estado é o sono. Se dissésseis a um homem sem nenhuma experiência com um fenômeno dessa natureza que existem pessoas capazes, em dados momentos, de desmaiar de modo que pareçam mortas e que [nos sonhos] ainda percebam coisas que estão ocultas, ele o negaria [e exporia suas razões para isso]. Não obstante, suas alegações seriam refutadas pela experiência real." (p. 253)
Segundo Harnisch (1999), os sonhos, enquanto acontecimentos pertencentes a uma realidade paralela à vígil, eram levados a sério pelos índios da América do Norte. Os Sioux acreditavam que o mundo físico era apenas uma sombra do onírico, o qual chamavam de "mundo real", como vemos na história de Cavalo Doido (Brown, 1987):
"Desde o tempo da juventude, Cavalo Doido soubera que o mundo onde viviam os homens era apenas uma sombra do mundo real. Para chegar ao mundo real tinha que sonhar e, quando estava no mundo real, tudo parecia flutuar ou dançar. No seu mundo real, seu cavalo dançava como se estivesse furioso ou doido e por isso é que se chamou Cavalo Doido. Aprendera que, se sonhasse consigo no mundo real antes de ir para uma luta, poderia resistir a qualquer coisa." (p.210)
Segundo a história, foi por meio do conhecimento adquirido em sonhos que Cavalo Doido venceu sua maior batalha.
Além de real, o mundo dos sonhos era visto como tendo conexões com o mundo externo. Uma conexão de tal natureza pode ser encontrada em um relato de Enoch, infelizmente depreciado pela igreja e pouco divulgado, a respeito dos momentos que antecederam sua viagem através dos sete mundos celestes:
"No primeiro dia do primeiro mês, estava eu sozinho em minha casa descansando no meu leito, quando adormeci.E quando estava adormecido, uma grande tristeza tomou conta do meu coração e chorei durante o sono, e não podia entender que tristeza era aquela ou o que iria acontecer-me.E então me apareceram dois homens, extraordinariamente grandes, como eu nunca vira antes na Terra; suas faces resplandeciam como o sol, seus olhos eram como uma chama e de seus lábios saía um canto e um fogo variados, de cor violeta na aparência; suas asas eram mais brilhantes do que o ouro, suas mãos mais brancas do que a neve.Eles estavam em pé, na cabeceira do meu leito e puseram-se a chamar-me pelo nome.Acordei e vi claramente aqueles dois homens, de pé, na minha frente."(O livro dos Segredos de Enoch 1: 4-8)
Os homens que Enoch viu em sonho estavam na cabeceira de sua cama. Ao acordar, ele diz ter visto os mesmos homens à sua frente. De acordo com o relato, parece haver ocorrido uma sincronicidade: ele sonhou com algo e logo em seguida vivenciou a mesma cena no mundo externo. Os mesmos homens vistos por Enoch durante o sonho eram os que estavam em pé próximo à sua cama quando ele acordou.
Um contato com o mundo espiritual na ausência da vigília pode ser encontrado em uma revelação de Isaías. O profeta teve uma visão durante a qual perdeu os sentidos externos. Ele se manteve em silêncio e foi dado como morto pelos que o observavam:
"E enquanto Isaías falava sob a inspiração do Espírito Santo, e todos o escutavam no mais profundo silêncio, o seu espírito foi elevado acima dele mesmo, e ele não mais enxergou os que estavam em pé diante dele.E seus olhos permaneciam ainda abertos, mas a sua boca não proferia mais palavras, e o seu espírito foi levado acima dele mesmo.Ele, no entanto, vivia ainda; mas estava imerso numa visão celeste.E o anjo que lhe fora enviado para revelar-lhe esta visão não era um anjo deste firmamento, nem um desses anjos gloriosos deste mundo: era um anjo descido do sétimo céu.E o povo que lá se encontrava com a assembléia dos profetas acreditou que a vida de Isaías tinha-lhe sido subtraída.E a visão do santo profeta não foi deste mundo aqui, mas uma visão do mundo misterioso no qual não é permitido ao homem penetrar."(O Livro da Ascensão de Isaías 6: 10-15)
De acordo com o escrito, nos momentos em que os olhos de Isaías deixaram de captar as pessoas à sua frente, ele tinha uma visão de outro mundo, misterioso e impenetrável. Seus olhos se mantiveram abertos durante o contato, um possível indicador de que seu estado era o de um sonâmbulo ou algo semelhante. O fato do povo reunido julgá-lo sem vida é um indicador de que certas funções corporais típicas de quem está vivo, como o movimento e a fala, haviam sido suspensas (cadáveres normalmente não se movem). O estado do seu corpo não era vígil uma vez que não havia consciência desta realidade externa. A mesma ausência de consciência ocorre no sono usual, no sonambulismo, no desmaio, na meditação, no transe ou no coma: em todos esses estados o funcionamento das exopercepções é interrompido e o corpo desfalece. Entendo que sua consciência deixou o mundo externo e penetrou na dimensão onírica ou fez algo muito próximo disso, pois o profeta não dava sinais de estar acordado. O universo onírico existe paralelamente ao físico sob a forma psíquica (os mundos interno e externo são simultâneos e paralelos) e, em geral, quando se abandona um se vai para o outro. Em todo caso, o mundo acessado nessa experiência foi considerado real, o que favorece a afirmação de que os antigos não depreciavam a realidade interior.
Como se vê, os estados em que a consciência deixava o corpo físico eram a ponte para a realidade espiritual. As experiências que se tinha durante o sono funcionavam como portas ou "portais", através dos quais o homem poderia contatar outras realidades, distintas da usual. O universo além dos limites do estado vígil não era considerado irreal e nem visto como algo que tivesse uma existência vaga e ilusória ou, para ser mais exato, uma pseudoexistência. O fato de ser tratado como uma forma de manifestação divina demonstra que esse mundo era tomado em consideração seriamente.
A experiência mística era obtida enquanto se dormia. E nesse estado se poderia obter a autoridade de quem teve uma revelação de Deus. Uma autoridade de tal natureza, proporcionada pela experiência religiosa profunda, pode, segundo Willian James (1995) chegar a destruir as bases da formal concepção lógico-racional de realidade pois os "estados místicos, quando bem desenvolvidos (...) quebram a autoridade da consciência não mística ou racionalista, que se baseia apenas no intelecto e nos sentidos. Mostram que esta não passa de uma espécie de consciência. Abrem a possibilidade de outras ordens de verdade nas quais, na medida em que alguma coisa em nós responda vitalmente a elas, possamos continuar livremente a ter fé." (p. 263, grifo meu).Para ele, há várias formas de consciência que dão acesso a vários tipos de realidades e a religiosa, aquela que se tem nos estados místicos, seria uma delas. Deste modo, as experiências religiosas possuiriam um fundamento real, peculiar ao tipo de consciência que lhe corresponde, e não falso. Foi o que ocorreu com Enoch e Isaías, que tiveram experiências religiosas em estado extra-vígil e autênticas à sua maneira, desde um ponto de vista espiritual.
Atualmente, a valorização dos sonhos parece estar retornando. O ceticismo arbitrário, aquele que está fixo na dúvida unilateral e busca adaptar os fatos à teoria (crença) e aos métodos ao invés de adaptar estes últimos às evidências, está retrocedendo e a realidade do mundo onírico sendo levada em consideração. Sanford (1988) entende que hoje a ciência está investigando com mais cuidado e seriedade os desafios cognitivos que lhe são lançados pelos sonhos:
"Atualmente, estamos nos aproximando da mudança. Durante o século XX, o sonho volta a se tornar objeto válido de estudo e investigação. E temos, por exemplo, as pesquisas sérias relativas ao sono e aos sonhos que começaram a ser feitas depois da Segunda Guerra Mundial." (p.15)
Compreender a importância de explorar o mundo dos sonhos ao invés de esquivar-se ingenuamente dos problemas postos por ele é ampliar as fronteiras da ciência. É também aproximar-se mais da visão de Isaías, Enoch, Jó, dos povos ágrafos atuais e das culturas antigas e "pagãs", recuperando as bases verdadeiramente espirituais do cristianismo primitivo, descartadas pela igreja .
A idéia de um mundo interior real é compartilhada por Saiani (2000) para quem o pressuposto de que a "realidade objetiva" e o "puramente subjetivo" diferem é preconceituoso uma vez que a realidade abrange eventos físicos e psíquicos. Levada adiante, isso significa que existem objetos psíquicos assim como existem objetos físicos e que nem sempre o psíquico é subjetivo.
Além disso, Jung (1986) entendia que o eu está contido em um mundo, que esse mundo era a alma e que seria razoável atribuir-lhe a mesma validade que se atribui ao mundo empírico uma vez que ela possui tanta realidade quanto ele. Segundo seu pensamento, a psicologia deveria reconhecer que o físico e o espiritual coexistem na psique e que, por razões epistemológicas, esse par de opostos foi cindido pelo homem ocidental ( idem).
Dentro do homem há um universo verdadeiro, feito de imaginação, que se faz notar incessantemente por meio de pensamentos, sentimentos, recordações e dos sonhos, quando então se faz mais espesso e tangível. Esse mundo no qual a ciência está penetrando aos poucos, pertence a uma dimensão desconhecida do espírito humano. Nós a chamamos de inconsciente porque não temos, usualmente, contatos conscientes e diretos com ela (Sanford, 1988):
"(...)eis uma teoria básica sobre os sonhos: originam-se em outra dimensão de nossa personalidade a qual, pelo fato de não termos consciência da mesma, é chamada de inconsciente. (p.29, grifo meu)Além desta dimensão em que vivemos durante a vigília, há outra: a dimensão do inconsciente. As regiões de onde os sonhos provém parecem ainda ser pouco acessíveis à investigação científica no nosso atual estágio de desenvolvimento. Entretanto, a consideração séria dos mesmos enquanto realidade passível de estudo livre e dos relatos de pessoas que os experimentam conscientemente pode abrir novas portas nesse campo e ajudar a dissipar nossa ignorância, além de ocupar um espaço que de outra forma poderia ser destinado ao charlatanismo e às mistificações irresponsáveis.
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Dados do autor para bibliografia:Monteiro Muniz C - A realidade do mundo dos sonhos nos tempos antigos e hoje, in. PsiqWeb Psiquiatria Geral, 2001, disponível em http://gballone.sites.uol.com.br/colab/cleber.html

Referências bibliográficas:
JAMES, William. As Variedades da Experiência Religiosa: Um Estudo sobre a Natureza Humana. (The Varieties of Religious Experience). Trad. de Otávio Mendes Cajado. Décima edição, 1995. São Paulo, Cultrix.
JUNG, C.G. & Wilhelm, R. (organizadores). O Segredo da Flor de Ouro: Um Livro de Vida Chinês. Trad. de Dora Ferreira da Silva e Maria Luíza Appy. Terceira edição. Petrópolis, Vozes, 1986.
O Livro da Ascensão de Isaías. In TRICCA, Maria Helena de Oliveira (org. e comp.). Apócrifos : Os Proscritos da Bíblia. Edição de 1995. São Paulo, Mercúrio, 1992.
O Livro de Jó. In: A Bílblia Sagrada: O Antigo e o Novo Testamento. Trad. de João Ferreira de Almeida. Segunda edição. Barueri, Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.
O Livro dos Segredos de Enoch (II Enoch). In TRICCA, Maria Helena de Oliveira (org. e comp.). Apócrifos : Os Proscritos da Bíblia. Edição de 1995. São Paulo, Mercúrio, 1992.
SAIANI, Cláudio. Jung e a Educação: Uma análise da relação professor/aluno. Primeira edição. São Paulo: Escrituras, 2000.
SANFORD, J. A. Os Sonhos e a Cura da Alma (Dreams and Healing). Trad. de José Wilson de Andrade. Terceira edição. São Paulo, Paulus, 1988.