Volto à questão dos sonhos, desta vez para abordar a tentativa de obter a lucidez onírica já a partir do momento em que os sonhos se iniciam. Ou seja, entrar em estado de sonho sem perder a lucidez.
A fim de obter esse resultado - ou seja, entrar no sonho já lúcido - tenho procurado prolongar o estado de atenção ao máximo, o que tem me levado a interessantes experiências durante o estado hipnagogico, que é aquele estado "intermediário". O prolongamento desse estado por até 1 hora acabou tornando-se uma espécie de "meditação", um estado muito particular de "conciência alterada" e que me deram alguns insights.
A fim de obter esse resultado - ou seja, entrar no sonho já lúcido - tenho procurado prolongar o estado de atenção ao máximo, o que tem me levado a interessantes experiências durante o estado hipnagogico, que é aquele estado "intermediário". O prolongamento desse estado por até 1 hora acabou tornando-se uma espécie de "meditação", um estado muito particular de "conciência alterada" e que me deram alguns insights.
Percebi que os pensamentos fluem cada vez mais livremente, numa espécie de hipnose e que esse processo exerce uma espécie de "sedução" sobre a minha "consciência". Se deixarmos o processo ir adiante, o estado de atenção tende a diminuir e, repentinamente, o sonho surge, não como decorrência daquelas idéias e sensações do estado hipnagogico, mas abruptamente, como ruptura, surgindo imagens completas e cenários com grande dose de realismo que não guardam, via de regra, relação imediatamente identificável com as sensações do estado precedente.
Diria que, nesse ponto, o sonho já se formou, porém, o "Ego onírico" ainda não atua, não está formado, ficamos apenas como "espectadores". Creio que o "Ego onírico" só se forma e atua (interage) com as imagens num segundo momento, quando estas se estabilizam.
Recentemente, senti o seguinte: no estado hipnagogico, parece que uma das primeiras coisas que ocorre é a perda do referencial corporal, ou seja, as idéias, imagens e sensações se sucedem, porém sem que o corpo esteja presente como referencial.
O que me veio durante esse estado é que a Razão precisa desse referencial – por isso ela é a primeira "vítima" da perda do corpo. A Razão desaparece, sobrando apenas sensações e um encadeamento aparentemente desconexo de idéias, imagens etc.
Se voce prolongar mais tempo esse estado, pode ocorrer uma sensação de confusão, pois como não há mais o referencial do corpo, é como se o Ego (ou a consciência ordinária) não tem mais ao que se apegar - valendo dizer, o Ego ordinário perde seus referenciais.
E esse é o dilema que me encontro agora. Pois se o estado hipnagogico leva à dissolução do Ego, torna-se necessária a formação de um outro tipo de consciência - ou seja, um outro tipo de atenção - para que possamos entrar no sonho já lúcidos: um tipo de consciência não ancorada nos apegos ordinários (o corpo, o meio físico etc).
Lendo o Livro Tibetano dos Mortos, percebi que há descrições muito semelhantes sobre o processo da morte: parece que, com a perda dos referenciais físicos e emocionais, o que resta de "consciência" enfrenta um dilema:
1) se esse “Eu” não conseguir "transcender" ou desapegar dos apegos ordinários, viverá um grande estado de confusão, buscando, posteriormente, desesperadamente outras coisas a que se apegar. Daí, segue-se a encarnação em um dos 6 reinos. Aqui, tratando-se de sonhos, o que proponho é que esta "encarnação" se faz por meio do sonho ordinário, que fornece a resposta adequada à pergunta de um Ego comum - por meio dos sonhos convencionais;
2) ou, alternativamente, se a "consciência", agora desprovida de referenciais, consegue transcender, ruma para a iluminação. Aqui, no caso dos sonhos, uma consciência sem apego entra já lúcida no sonho - ou mesmo um outro tipo de estado de consciência.
A questão, portanto é: como manter a atenção sem que o Ego ordinário atue ?
3 comentários:
Em relação a sua questão "como manter a atenção sem que o Ego ordinário atue ?" acho que a resposta seria "morrendo lucidamente". Li há pouco em um post da Celia que para os yogues é muito importante estar preparado para morrer e esta preparação em vida se dá através da prática dos sonhos oníricos. Pelo andar da minha carruagem ainda vou levar algumas encarnações para aprender a fazer isso direito...rs,rs,rs. Sem dúvida alguma - na minha opinião - a meditação é a estrada a ser seguida.
é muito bom ter um sonho lucido. ja tive muitos, mas sempre que percego que estou sonhando eu acordo. eu li que uma das maneiras de prolongar um sonho lucido é a de olhar para as maos enquanto se estar sonhando. mas sempre que faço isso, acabo acordando. nao sei o que fazer para manter um sonho lucido. pode me ajudar?
Olá Saymon,
Segundo alguns textos, logo que o sonho comece a dar sinais de que está acabando, vc deve girar sobre si mesmo, ou seja, rodopiar, num movimento de rotação rápido, tal como os dervixes/sufis. Já tentei isso e deu certo (mas nem sempre). Alguns dizem que vc deve rodopiar mantendo o "olho-onírico" aberto, outros dizem que vc deve fechá-lo enquanto roda. O efeito é bem interessante, pois mesmo que o sonho desapareça, vc pode entrar em um estado meditativo. Para alguns, mantendo-se o olho onírico fechado enquanto gira, o sonho desaparecerá, mas vc entrará em projeção astral.(Para mim, a técnica de olhar para as mãos tem sua utilidade, mas não para esse fim, ou seja, também acordo.)
A tradição budista não menciona - ao que eu saiba - esse tipo de técnica, mas recomenda formas de meditação e de transmição direta por um mestre qualificado, a fim de que o praticante estabilize sua mente a fim de obter muitos sonhos lúcidos estáveis (ou seja, sem que o sonhador perca sua lucidez e volte ao sonho ordinário ou que acorde).
Obrigado por participar e compartilhar suas experiências !
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